O atraso na concretização de negócios e uma atitude mais conservadora dos investidores devido à incerteza macroeconómica e geopolítica são os principais motivos da quebra de 50% no investimento em imobiliário comercial nos primeiros nove meses do ano – segmento que inclui os escritórios, a logística, a hotelaria entre outros – segundo a JLL.
O estudo da consultora divulgado esta terça-feira dá conta de um investimento total no imobiliário comercial a rondar os 1.050 milhões de euros, menos 50% do que o registado nos primeiros meses do ano passado. O “Market Pulse” destaca que a incerteza e o conservadorismo dos investidores é “uma tendência global e que está também a afetar Portugal”, mas que os resultados dos terceiro trimestre não surpreendem. Com uma quebra 70% na tomada de arrendamento, os escritórios que têm peso determinante neste segmento, são o sector mais atingido.
Abrandamento já se nota desde o início do ano
Os resultados do 3º trimestre não surpreendem os analistas. “Os ciclos económicos afetam o mercado imobiliário e o final do 1º semestre já deu sinais de abrandamento na atividade transacional de ocupação e investimento”, afirma Pedro Lancastre, administrador da JLL . Em nota enviada às redações, o responsável nota que apesar de a pressão inflacionista estar a aliviar e de o BCE não ter subido os juros na última reunião, continua a haver muita incerteza em relação à evolução macroeconómica e em como os consumidores de imóveis, sejam empresas sejam famílias, e a banca se vão adaptar. “O que coloca os operadores em alerta e aumenta os níveis de cautela, atrasando decisões, reformulando planos e reajustando processos”, acrescenta.
A consultora destaca que, apesar de uma quebra de 70% na tomada de escritórios, Lisboa segurou a renda prime(melhores localizações) em 27€/m2, enquanto no Porto, onde a absorção reduziu 10%, o preço regista um ligeiro acréscimo da renda prime para 19€/m2. Joana Fonseca, responsável pelos Estudos Mercado, explica que em relação aos restantes segmentos “a logística mantém um bom desempenho, que é pressionado apenas pelas limitações da oferta disponível”, razão pela qual as rendas voltaram a crescer em quase todas as zonas no 3º trimestre apesar de uma ligeira quebra nos níveis de absorção. A renda mais elevada na região de Lisboa é atingida no eixo Carnaxide-Alfragide e Lisboa-cidade, em 6,25€/m2. Já no eixo Norte do Porto atinge os 4,75€/m2.
Hotelaria e retalho são os sectores mais afetados
O “Market Pulse” da JLL revela ainda que sectores de hotelaria e retalho, que foram os mais afetados pela pandemia, “seguem em rota de recuperação”, apesar dos desafios macroeconómicos. “Os fluxos turísticos voltaram a estar alinhados com o melhor ano pré-Covid, garantindo diárias e retornos históricos, ao passo que, no comércio, os retalhistas continuam a procurar lojas, num momento em que, apesar da perda de poder de compra das famílias, as vendas a retalho sustentam os níveis de 2022” acrescenta Joana Fonseca.
Na hotelaria, num contexto de ocupações médias superiores a 70%,as diárias médias atingiram máximos de 167 euros em Lisboa e 129 euros no Porto. Já no segmento de retalho, a procura de lojas aumentou, aumentando as rendas em praticamente todos os formatos. Os valores prime atingiram os 135€/m2no comércio de rua em Lisboa (Chiado),os 75€/m2no comércio de rua do Porto (Rua de Santa Catarina).
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