Imobiliário

Havia mais de 700 mil alojamentos vagos em 2021 em Portugal, com 15% a precisar de grandes reparações

Havia mais de 700 mil alojamentos vagos em 2021 em Portugal, com 15% a precisar de grandes reparações
Nuno Fox

Dados dos censos de 2021 mostram que nesse ano havia em Portugal mais de 700 mil alojamentos vagos. Mas a análise do INE indica também que 13% das casas estavam sobrelotadas e 30% sem qualquer forma de aquecimento

Em 2021 havia em Portugal 5,9 milhões de alojamentos familiares, segundo os dados do INE (Instituto Nacional de Estatística) divulgados esta quarta-feira com base nos últimos censos. Destes, 723.215 estavam totalmente vagos (12,1% do total). A maioria (4,1 milhões) destinava-se a residência habitual e cerca de um milhão a residência secundária. Dos edifícios vagos, mais de 15% necessitava de reparações profundas.

As conclusões resultam do estudo do gabinete estatístico com os dados dos censos de 2021. Estes dados assinalaram um abrandamento no crescimento do parque habitacional. No momento dos censos (19 de abril de 2021), o parque habitacional português era composto por 3,5 milhões de edifícios clássicos e 5,9 milhões de alojamentos, mais 0,8% e 1,7%, respetivamente, face a 2011. A variação é menor do que a verificada em décadas anteriores, quando superava os 10%.

A maior parte dos edifícios do nosso parque habitacional foi construída entre 1981 a 2000 (31,9%) e 17,9% já após 2001. Apenas 110.784 edifícios foram construídos entre 2011 e 2021.

No geral, por cada 100 edifícios construídos depois de 2011, existiam 747 edifícios construídos até 1960, sendo que o Alto Alentejo era a região com um parque habitacional mais envelhecido (por cada 100 edifícios construídos depois de 2011 existiam 2571 edifícios construídos até 1960).

Por região, as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto concentravam 39,1% dos alojamentos existentes no país.

O INE indica ainda que, em 2021, 12,7% dos alojamentos de residência habitual encontravam-se sobrelotados (com carência de pelo menos uma divisão). Foi na Madeira (23,3%), nos Açores (17,4%) e no Algarve (16,9%) que se registaram os valores mais elevados de sobrelotação dos espaços.

15% dos edifícios vagos precisava de reparações profundas

De acordo com os resultados divulgados esta quarta-feira, a maioria dos edifícios em Portugal não necessitava de reparações (64,2%).

Mas cerca de 1,2 milhões de edifícios (35,8% do total) precisava de reparações. Destes, 21,8% necessitava de reparações ligeiras (780.126 edifícios), 9,4% de reparações médias (335.599 edifícios) e 4,6% de reparações profundas (163.101 edifícios). O INE não define, contudo, o que serão as “reparações profundas”.

Do total de alojamentos familiares apenas 3,3% se situavam em edifícios que apresentavam necessidades de reparação profundas (197.066).

Dos 723.215 alojamentos vagos, 15,1% registavam necessidades de reparação profundas (108.919). De notar que um alojamento vago é uma casa que está para venda, por arrendar, ou mesmo por demolir, segundo o INE.

“Considerando os alojamentos familiares clássicos de residência habitual, situados em edifícios clássicos com necessidades de reparação profundas, 48,2% eram ocupados pelo proprietário e 51,8% eram ocupados por arrendatários e outras situações”, indica ainda o INE.

Maioria das casas sem aquecimento

De acordo com os dados dos censos, em cerca de 30% dos alojamentos não se utilizava nenhum tipo de aquecimento. Já 28,4% dos alojamentos utilizava, maioritariamente, aparelhos móveis de aquecimento (como aquecedores a óleo), 21,7% tinham lareira, 14% aquecimento central e apenas 5,8% aparelhos fixos (como salamandra).

“O tipo de aquecimento utilizado com maior frequência nos alojamentos familiares clássicos, ocupados como residência habitual, variou substancialmente nas diferentes regiões do país”, nota o gabinete estatístico, sendo que “a maior utilização de aquecimento verificava-se nas regiões do Alto Tâmega (86,2%) e Terras de Trás-os-Montes (84,8%), em particular de aquecimento central ou lareira”.

A Área Metropolitana de Lisboa (65,5%), a Madeira (58,6%) e aos Açores (52,2%) registaram as menores proporções de alojamentos que utilizavam algum tipo de aquecimento, predominando a utilização de aparelhos móveis de aquecimento.

Por outro lado, nos alojamentos construídos na última década, o aquecimento central era utilizado com mais frequência (33,3%).

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