Energia

Associação de Santiago do Cacém move nova ação judicial para tentar travar projeto da maior central solar do país

Foto: Getty Images
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A Associação ProtegeAlentejo, que junta residentes nas freguesias de Santiago do Cacém que receberão a maior central solar do país, avançou com uma ação administrativa para impugar a declaração favorável da Agência Portuguesa do Ambiente para este projeto

Associação de Santiago do Cacém move nova ação judicial para tentar travar projeto da maior central solar do país

Miguel Prado

Editor de Economia

A Associação ProtegeAlentejo, constituída por residentes das freguesias de São Domingos e Vale de Água, em Santiago do Cacém, avançou com uma nova ação judicial para tentar travar o projeto da central solar Fernando Pessoa, que está a ser promovida naquele município alentejano pela Iberdrola e Prosolia, e que será o maior empreendimento fotovoltaico do país e um dos maiores da Europa, com uma potência de 1,2 gigawatts (GW).

“A Associação ProtegeAlentejo deu entrada no dia 4 de dezembro de 2023, junto do Tribunal Administrativo de Beja, de uma ação de impugnação da declaração de impacte ambiental (DIA) do projeto da central projetada para a união de freguesias de São Domingos e Vale de Água”, informou a associação num comunicado divulgado esta quarta-feira.

A ação, segundo o portal Citius, tem como réu o Ministério do Ambiente e Ação Climática, que tutela a Agência Portuguesa do Ambiente.

Esta ação administrativa surge depois de a mesma associação ter perdido em primeira instância uma providência cautelar, embora a decisão não tenha ainda transitado em julgado, já que a sentença foi alvo de recurso. “No decurso da providência cautelar a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) veio defender o interesse público do projeto, não obstante todas as ilegalidades cometidas no decurso do processo de licenciamento”, aponta a Associação ProtegeAlentejo.

Contactada pelo Expresso, a Prosolia (promotora original do projeto fotovoltaico, ao qual se juntou entretanto como investidora a Iberdrola) não quis fazer comentários.

A associação argumenta que o projeto da central em Santiago do Cacém “foi aprovado pela APA mais de 800 dias depois de ter sido iniciado o procedimento de licenciamento, ultrapassando assim todos os prazos legais”.

No comunicado, a ProtegeAlentejo diz ainda que “o projeto foi aprovado com pareceres negativos de várias entidades integrantes da Comissão de Avaliação (CA), nomeadamente o ICNF, LNEG e inclusivamente o da directora do departamento de avaliação de impacte ambiental da APA”.

Além disso, a associação acusa os promotores de não garantirem “o adequado afastamento dos painéis relativamente às habitações” e diz que o estudo de impacto ambiental ignorou fatores que deviam ter sido estudados, incluindo a saúde humana. O impacto que a central fotovoltaica terá na saúde das populações em seu redor “nunca foi estudado e parece não ser sequer um tema de análise da APA”, frisa a Associação ProtegeAlentejo.

A central de Santiago do Cacém recebeu em janeiro deste ano a declaração de impacto ambiental favorável condicionada da APA, depois de ter sido reformulada face ao projeto inicial. Entretanto, o desenvolvimento deste projeto está também dependente da modernização da rede elétrica, tendo a REN - Redes Energéticas Nacionais iniciado já o processo de licenciamento das novas linhas de muito alta tensão que transportarão a eletricidade da central solar Fernando Pessoa.


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