A EDP Comercial e a Endesa apresentaram no primeiro trimestre de 2023 as maiores perdas de quota no mercado residencial de eletricidade em Portugal, em contraciclo com o movimento da Goldenergy e de outros pequenos comercializadores, que reforçaram as respetivas posições.
Depois de mais de três meses sem atualizar os dados do mercado liberalizado de eletricidade, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) publicou esta terça-feira o boletim de março do mercado livre, dando conta de uma ligeira deterioração das quotas dos dois maiores fornecedores de eletricidade das famílias portuguesas.
No segmento doméstico, a EDP Comercial passou de uma quota de 69,2% do abastecimento de eletricidade no mercado livre em dezembro de 2022 para 68,6% em março de 2023, ou seja, menos 0,6 pontos percentuais.
A Endesa viu a sua posição recuar de 12,3% em dezembro para 11,9% em março, caindo 0,4 pontos percentuais, segundo a ERSE.
Entre as descidas, registo ainda para a Galp, cuja quota no mercado liberalizado de eletricidade desceu de 4,6% em dezembro para 4,4% em março (um deslize de 0,2 pontos percentuais).
A empresa que mais clientes conseguiu conquistar no mercado doméstico foi a Goldenergy, cuja quota subiu de 5,5% em dezembro para 6% em março. A Iberdrola teve um ligeiro acréscimo de 0,1 pontos percentuais, passando de 5,1% para 5,2%. Mais expressivo foi o aumento do conjunto de “outros” comercializadores (não especificados pela ERSE), cuja quota se reforçou de 1,8% em dezembro para 2,5% em março (mais 0,7 pontos percentuais).
Entre estes outros comercializadores estarão vários pequenos fornecedores, sobretudo os que disponibilizam tarifários indexados ao mercado grossista de eletricidade, que se tornaram, no primeiro trimestre de 2023, mais vantajosos que os demais tarifários, incluindo os de preço fixo da líder EDP Comercial e do fornecedor regulado, a SU Eletricidade.
Para esses pequenos comercializadores migraram, ao que o Expresso apurou, dezenas de milhares de clientes domésticos, ao longo dos primeiros meses deste ano. Um movimento expressivo para essas pequenas empresas, mas insuficiente para abalar a liderança da EDP Comercial.
O mercado liberalizado de eletricidade conquistou cerca de 12 mil clientes no primeiro trimestre (chegando a 5,4 milhões de contratos residenciais), mas as tarifas reguladas também se reforçaram com quase 2 mil novos contratos (ficando com 973 mil clientes domésticos).
Os dados do primeiro trimestre de 2023 evidenciam que, apesar de os preços indexados no mercado liberalizado se terem tornado significativamente mais vantajosos do que os preços fixos (quer no mercado livre, quer no regulado), essa competitividade de tarifários não foi suficiente para provocar um movimento em massa de mudança de fornecedor.
Nas empresas, EDP perde clientes mas mantém liderança
Nos consumos empresariais de eletricidade houve algumas variações de quota de mercado, mas a EDP Comercial conservou a liderança.
Nos pequenos negócios a quota da EDP recuou de 46,1% em dezembro para 44,5% em março. O grupo terá perdido contratos empresariais sobretudo para a espanhola Endesa (cuja quota subiu de 20,9% para 22,1%) e para a suíça Axpo (que subiu de 4,5% para 5,2%). A Galp também teve uma ligeira perda de quota neste segmento.
No consumo industrial a quota da EDP permaneceu inalterada entre dezembro e março, nos 26%, com a Endesa a recuar de 22,8% para 22,3% e a Galp a cair de 7,8% para 6,9%, e a Iberdrola a subir de 15,5% para 16,8%.
Nos grandes consumidores, empresas com consumos intensivos de eletricidade, a quota da Iberdrola teve um salto considerável, subindo de 21,8% em dezembro para 28,4%, e reforçando a sua liderança. A segunda posição permaneceu com a Endesa, apesar de um recuo de 21,4% para 20,1%.
Mas a espanhola Fortia roubou à EDP o terceiro lugar neste segmento, subindo a sua quota de 13,6% em dezembro para 14,4% em março, enquanto a EDP caiu de 14,9% para 11,8% no mesmo período.
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