Energia

Hidrogénio verde: Fusion Fuel triplica perdas no quarto trimestre

Fusão entre a Fusion Fuel e a HL garantiu 70 milhões de dólares à empresa portuguesa e um lugar no Nasdaq
Fusão entre a Fusion Fuel e a HL garantiu 70 milhões de dólares à empresa portuguesa e um lugar no Nasdaq
D.R.

Depois de ter contabilizado um resultado antes de impostos negativo em 3,5 milhões de euros no terceiro trimestre, a Fusion Fuel, empresa portuguesa dedicada ao hidrogénio verde, perdeu 11 milhões no quarto trimestre

Hidrogénio verde: Fusion Fuel triplica perdas no quarto trimestre

Miguel Prado

Editor de Economia

A Fusion Fuel, empresa portuguesa dedicada ao negócio do hidrogénio verde, registou um resultado antes de impostos de 11,1 milhões de euros negativos, o triplo das perdas de 3,56 milhões de euros que a empresa tinha registado no terceiro trimestre.

Na apresentação de resultados ao mercado (que apenas indica os resultados antes de impostos, e não o resultado líquido), a empresa revela que o resultado operacional do quarto trimestre foi negativo em 12,9 milhões de euros, depois de no terceiro trimestre ter sido já negativo em 7,4 milhões de euros.

De acordo com a Fusion Fuel, a empresa enfrentou encargos operacionais mais elevados. Um dos impactos que afetaram as contas do quarto trimestre foi o reforço de imparidades associadas a um dos projetos da empresa, designado Exolum (em Espanha), bem como custos acrescidos com consultoria, com investigação e desenvolvimento para o projeto de Évora e com a empresa que produz equipamentos para a Fusion Fuel, a MagP.

Pouco antes de anunciar os resultados trimestrais a Fusion Fuel tinha comunicado ao mercado ter ganho um novo subsídio de 3,3 milhões de euros para desenvolver um projeto de hidrogénio verde em Espanha, a instalar durante o ano 2024 em Toledo.

Apesar do agravamento das perdas, a administração da Fusion Fuel faz uma leitura positiva do desempenho no quarto trimestre, que classificou como “positivo para a Fusion Fuel e para o setor do hidrogénio em geral”, devido ao impacto do Inflation Reduction Act, nos Estados Unidos da América, e à resposta europeia para acelerar investimentos em descarbonização.

“Ainda assim, de uma perspetiva macro, é difícil negar que o progresso foi mais lento do que o antecipado”, reconhece a equipa de gestão da Fusion Fuel no comunicado ao mercado desta terça-feira.

A empresa tenciona continuar a apostar na sua tecnologia de eletrólise para projetos de pequena e média escala, até aos 10 megawatts (MW).

No entanto, a Fusion Fuel admite agora combinar a sua tecnologia (denominada Hevo) com a oferta de eletrolisadores de outros fornecedores para ganhar e desenvolver projetos de maior escala.

A Fusion Fuel diz ter no seu radar oportunidades de negócio de 1,5 gigawatts (GW) em Portugal, Espanha, Estados Unidos, Canadá e Itália.

Além de ter assegurado vários subsídios para comparticipar investimentos em unidades de hidrogénio verde, a empresa portuguesa (cotada na plataforma norte-americana Nasdaq, através de uma holding com sede na Irlanda) avançou no quarto trimestre para um negócio de venda da fábrica que detém em Benavente.

A Fusion Fuel permanece no edifício, mas como inquilina, tendo vendido o imóvel à gestora de ativos Corum. A transação permitiu à empresa de hidrogénio verde encaixar no imediato 7,5 milhões de euros.

A empresa, criada em Portugal, está cotada no Nasdaq desde dezembro de 2020, quando foi absorvida por uma sociedade com o propósito específico de aquisição de outras empresas (SPAC, na sigla em inglês).

Essa operação permitiu à Fusion Fuel aceder a financiamento de investidores do mercado norte-americano, diluindo as participações dos fundadores portugueses.

Parte desses fundos têm sido consumidos no arranque das operações e no desenvolvimento da tecnologia Hevo. No final de 2022 a Fusion Fuel reportava um ativo líquido de 35 milhões de euros, contra 43,7 milhões de euros registados em outubro, no final do terceiro trimestre.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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