Portugal regressou esta quinta-feira ao mercado da dívida colocando 4 mil milhões de euros numa nova linha de obrigações a 10 anos, a vencer em outubro de 2034. Nesta operação, realizada através de um sindicato de bancos, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) pagou um juro de 2,997% e registou uma procura de 19,4 mil milhões de euros.
É a primeira operação já no quadro político de eleições legislativas antecipadas em março e depois do IGCP ter parado os leilões de emissão de nova dívida obrigacionista em setembro.
Em relação ao plano de financiamento para 2024, apresentado pelo IGCP no início do ano, esta operação representa cerca de 28% do montante previsto para emissão de dívida obrigacionista num montante de 13,9 mil milhões de euros.
O juro pago na operação ficou pouco acima da yield no mercado secundário paga pela obrigação do Tesouro a vencer em abril de 2034, que se situava em 2,9%. “Tendo em conta o volume colocado, o prazo, e a atual situação de mercado, pode concluir-se que foi uma boa emissão”, refere Ricardo Marques, analista da consultora Informação de Mercados Financeiros.
“Com esta emissão a 10 anos o IGCP vem para o mercado com um novo benchmark para a dívida nacional”, sublinha Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.
Recorde-se que, em 2023, o IGCP não lançou nenhuma linha de referência a 10 anos a vencer em 2033. A operação sindicada que realizou, a 5 de janeiro do ano passado, lançou uma nova referência na dívida a 15 anos. Nessa ocasião, o Estado colocou 3 mil milhões de euros, pagando 3,689% numa obrigação a vencer em 2038. Em novembro e dezembro do ano passado, o IGCP concentrou as operações em recompras de dívida a vencer de 2024 a 2027 (incluindo um título em dólares) num montante de cerca de 700 milhões de euros.
Segundo o comunicado da operação desta quinta-feira, publicado pelo IGCP, a maior fatia de investidores, 27,4%, estava sediada no Reino Unido. Os investidores portugueses representaram 17,2%. A colocação foi maioritariamente feita junto de 32,8% gestores de fundos e de 31,1% entidades do sector bancário.
No dia anterior, a Eslovénia avançou com uma operação sindicada de uma nova linha a 10 anos (a vencer em março de 2034), tendo colocado 1,5 mil milhões de euros e pago uma yield de 3,043%, superior à portuguesa.
São esperadas outras operações sindicadas ainda em janeiro em Espanha, Bélgica, Irlanda e Itália, segundo uma nota do banco alemão Commerzbank.
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