O coro dos principais bancos centrais das economias desenvolvidas foi de alívio depois de o banco suíço UBS fechar a compra de um Credit Suisse em apuros. Os responsáveis da Reserva Federal norte-americana (Fed), do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco de Inglaterra (BoE) garantiram, este fim de semana, que os seus sectores bancários estão de pedra e cal. Seis bancos centrais - Fed, BCE, BoE, Banco Nacional Suíço, Banco do Canadá e Banco do Japão - acordaram em garantir liquidez em dólares aos mercados financeiros. A crise suíça, logo a seguir à falência de bancos nos Estados Unidos, seria um ‘acidente’ sem risco de contágio. Mas os mercados na abertura desta segunda-feira continuam a achar que algo está mal no reino das bolsas.
As praças da Ásia fecharam no vermelho e as bolsas da Europa abriram em queda. Varsóvia e Viena registavam quedas acima de 1,5% mais de uma hora depois da abertura e em Lisboa, o PSI (agora com 16 cotadas) ainda caía meio por cento. O BCP liderava as quedas com perdas de quase 3%. No entanto, duas horas depois da abertura, a trajetória parecia estar a inverter-se nas bolsas europeias.
A maré vermelha continuou na abertura desta semana. Na Ásia, a bolsa de Hong Kong liderou as quedas. O índice Hang Seng fechou esta segunda-feira a perder 2,6%. Xangai, a maior bolsa asiática, caiu menos, apenas meio por cento, mas Tóquio, a segunda maior praça da região, recuou 1,4%. As quedas foram generalizadas na Ásia. A abertura na Europa seguiu o mesmo caminho. As bolsas de Varsóvia e de Viena lideram as quedas, acima de 1,5%. Em Lisboa, o PSI (agora com 16 cotadas, depois do regresso da Ibersol) perde meio ponto percentual. Os futuros em Nova Iorque estão no vermelho.
O pânico financeiro que dominou as ultimas duas semanas nas bolsas à escala mundial ainda não foi afastado, apesar da solução dada à crise do Credit Suisse e de a Fed, BCE e Banco de Inglaterra terem voltado a garantir este fim-de-semana que os seus sectores bancários são resilientes e que não há risco de contágio. Recorde-se que a crise do Credit Suisse na semana passada custou ao índice MSCI das bolsas da zona euro uma quebra de 3%. O pânico financeiro provocou uma quarta-feira negra com perdas de 5% nas praças do espaço da moeda única.
Entretanto, o banco suíço UBS comprou o seu concorrente Credit Suisse por 40% do valor de capitalização no fecho da semana. A operação foi fechada por 3 mil milhões de francos suíços (um pouco mais de 3 mil milhões de euros), o que representa 40% do valor de capitalização do Credit no encerramento na sexta-feira.
O Banco Nacional Suíço, o banco central helvético, colocou à disposição da UBS e do Credit Suisse linhas de liquidez até 200 mil milhões de francos suíços (202 mil milhões de euros), mas impôs perdas de 16 mil milhões de francos suíços (16,1 mil milhões de euros) a um grupo de credores e a operação de aquisição impôs a troca de 22,48 ações do Credit Suisse por cada ação da UBS.
A maré vermelha bolsista está, no entanto, a provocar a queda dos juros da dívida pública na zona euro no mercado secundário. Os juros a 10 anos dos títulos alemães desceram abaixo de 2%, o que já não sucedia desde meados de dezembro do ano passado, e no caso das Obrigações do Tesouro português, naquele prazo de referência, os juros caíram abaixo de 3%, pela primeira vez desde meados de janeiro.
O sector mais castigado nas bancas continua a ser a banca. Em Zurique, a cotação do Credit Suisse afundou-se 62% na abertura desta segunda-feira e o banco UBS perdia mais de 12%. A nível das 50 principais cotadas da zona euro, o ING, da Holanda, perdia mais de 5%, o BNP Paribas, de França, recuava mais de 2%, enquanto o Santander caía 1%. Em Lisboa, o BCP registava perdas de quase 3%.
A semana vai ficar marcada pelas declarações ainda esta segunda-feira de Christine Lagarde, presidente do BCE, no Parlamento Europeu, e pelas reuniões de política monetária da Fed na quarta-feira e do Banco de Inglaterra e do próprio Banco Nacional Suíço no dia seguinte.
Recorde-se que o BCE, na semana passada, decidiu manter uma subida robusta de meio ponto percentual nos juros, alegando que uma eventual crise financeira pode ser atacada com outros instrumentos do BCE, sem necessidade de abrandar no aperto monetário, na subida dos juros para combater o surto inflacionista. Os investidores aguardam as reuniões desta semana dos três bancos centrais para avaliar do ritmo de subida dos juros.
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