Distribuição

Costa Silva: "Todas as opções estão em aberto" para controlar preços da alimentação, incluindo "as mais musculadas"

Costa Silva: "Todas as opções estão em aberto" para controlar preços da alimentação, incluindo "as mais musculadas"

“Não sou muito favorável a limitar os preços”, disse esta quinta-feira o ministro da Economia, justificando-se com os “efeitos perniciosos” da fixação administrativa

Para mitigar a subida, ou o impacto dessa subida, de preços nos bens alimentares junto da população, o Governo não descarta intervenções diretas sobre os preços destes bens, disse esta quinta-feira, 9 de março, o ministro da Economia, em conferência de imprensa.

“Todas as opções estão em aberto, inclusive as mais musculadas”, disse António Costa Silva em resposta às questões dos jornalistas. Afirmou que o Governo está “acompanhando a experiência de todos os países”.

“Não sou muito favorável a limitar os preços”, reconheceu, porém, justificando-se com os “efeitos perniciosos” da fixação administrativa. E mostrou-se confiante na capacidade de auto-regulação do setor do retalho alimentar e na sensibilidade social que as empresas deverão demonstrar.

Imersos num surto inflacionista que está neste momento a ser sustentado em parte pelo ritmo de subida de preços dos bens alimentares, vários países da Europa têm tomado medidas para tentar baixar o custo para o consumidor de bens alimentares essenciais.

Espanha foi um dos países a fazê-lo, reduzindo no final de dezembro o IVA para 0% em bens alimentares de primeira necessidade. Em Portugal, vários economistas consideram que uma medida semelhante teria um impacto limitado na inflação, e que reverteria principalmente para as empresas, que reforçariam as suas margens de lucro.

Na Grécia, o governo de Atenas enveredou pela negociação com a grande distribuição ao garantir, no final do ano passado, preços fixos (e baixos) num cabaz de 51 produtos essenciais.

Em França, o governo anunciou esta semana um “trimestre anti-inflação”, também resultado de um acordo entre o executivo e as empresas de grande distribuição - que incluem gigantes globais como os grupos Casino, Carrefour e Auchan, mas que não contou com a maior cadeia de França, os supermercados Leclerc. Neste trimestre, de abril a junho, as retalhistas francesas irão reduzir os preços de um cabaz de produtos à sua escolha ao mínimo possível, segundo o Le Monde.

Sobre estas iniciativas, os supermercados já foram alvo de críticas por incluírem nestes cestos produtos de marca branca que já eram de baixo custo antes, e com menos quantidade no caso de produtos de marca; de reduzirem preços em certos produtos para recuperarem a margem com o aumento de outros; e de compensarem as diminuições de preço comprando a preços mais baixos junto dos fornecedores.

Em França, estão previstos controlos para garantir que as retalhistas não tentam compensar esses preços baixos pressionando os fornecedores e que adquirem os produtos a preços justos.

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