12 janeiro 2023 15:32

alex wong
“Não roubei fundos, e certamente não escondi milhares de milhões”, defendeu-se Sam Bankman-Fried numa publicação na plataforma Substack
12 janeiro 2023 15:32
Sam Bankman-Fried, o co-fundador da corretora FTX e do hedge fund Alameda, publicou esta quinta-feira, 12 de janeiro, a sua defesa numa longa publicação na plataforma Substack. Diz que a FTX US, a entidade responsável pelo negócio nos Estados Unidos da empresa, está totalmente solvente, ao contrário da FTX International, a empresa do restante negócio global.
SBF, as iniciais pelas quais é conhecido, diz também que não compreende o porquê de os clientes da FTX US ainda não terem sido ressarcidos. Defende que a FTX podia ter sido comprada e evitar a insolvência - que apareceram até ofertas de milhares de milhões de dólares mesmo depois de ter sido declarada bancarrota. E garante que não roubou fundos da FTX - de clientes, portanto - para financiar atividades pessoais através do fundo Alameda, também falido.
Ao tribunal Bankman-Fried declarou-se inocente. Perante os credores começa a fazer a sua defesa pública.
FTX americana “totalmente solvente”
Num longo artigo a justificar a insolvência da FTX International, SBF começa por dizer que a operação norte-americana, a FTX US, “está totalmente solvente e sempre o esteve”, com um excesso de 350 milhões de dólares além dos fundos de clientes e segregados da empresa do negócio global.
“É ridículo que os utilizadores da FTX US ainda não tenham sido ressarcidos e obtido os seus fundos de volta”, escreveu, admoestando John J. Ray II, o gestor de insolvência da plataforma.
A FTX International tinha, de acordo com os cálculos de SBF, 8 mil milhões de dólares em ativos aquando da insolvência, mesmo depois dos levantamentos na ordem dos 5 mil milhões de dólares feitos após um tweet de Changpeng Zhao, líder da plataforma rival Binance, ter espoletado a corrida às liquidações.
A plataforma recebeu "várias ofertas de potencial financiamento", incluindo 4 mil milhões de dólares disponibilizados por investidores após a insolvência declarada. “Acredito que, se fossem dadas à FTX International mais algumas semanas, teria provavelmente usado os seus ativos ilíquidos e os capitais próprios para angariar financiamento suficiente para compensar de forma substancial os clientes”, defendeu.
Mas a pressão do escritório de advogados Sullivan & Cromwell para declarar insolvência acabou por inviabilizar essa opção, lamentou. “Mesmo agora, acredito que se se relançasse a FTX International, haveria uma possibilidade real de ressarcir os clientes de forma substancial".
“Não roubei fundos"
Bankman-Fried disse que a Alameda representava apenas 2% da liquidez na FTX antes do colapso, quando em 2019 era “em grande parte dependente” do hedge fund para manter a plataforma suficientemente líquida para operar.
Bankman-Fried foi acusado de ter desviado fundos de clientes da FTX para financiar o hedge fund Alameda - dinheiro que seria usado para propósitos pessoais como compra de imobiliário de luxo e doações a partidos políticos.
Tanto a FTX International como a Alameda geravam milhares de milhões de dólares em receitas antes do colapso. “Não roubei fundos, e certamente não escondi milhares de milhões” em dinheiro, defendeu-se.
“Quase todos os meus ativos estavam e ainda estão passíveis de serem utilizados como salvaguarda aos clientes da FTX. Ofereci-me, por exemplo, para contribuir com quase todas as ações que detenho na Robinhood” a nível pessoal, disse, para ajudar a pagar aos clientes.
Dizendo que já “não geria a Alameda nos últimos anos”, assacou a queda das empresas à desvalorização do mercado “cripto” em geral, que diminuiu o valor dos ativos detidos pelo fundo em 80%.
A desvalorização dos ativos mais líquidos da Alameda - que, de acordo com as estimativas de SBF, estavam avaliados em cerca de 8 mil milhões de dólares - contagiou de imediato a FTX International “porque a Alameda tinha uma posição de margem aberta na FTX; e a ”corrida ao banco" transformou essa iliquidez em insolvência", disse.