

Portugal “não tem folgas orçamentais”, escreveu, na semana passada, no Expresso Fernando Medina, que quer “um compromisso para as Finanças Públicas”, colocando no centro da política a redução do défice e da dívida para níveis que retirem Portugal da zona vermelha de risco. No Programa de Estabilidade 2023-2027 (PE23-27), o ministro das Finanças colocou como metas chegar ao equilíbrio orçamental em 2026 e colocar a dívida pública abaixo dos 100% do PIB no ano anterior. Diz que “vivemos uma oportunidade única em três décadas”.
Mesmo muito antes de esta legislatura chegar ao fim, Medina deverá conseguir um objetivo político: tirar Portugal do clube dos países periféricos do euro, limpar, de vez, o anátema insultuoso de ser um dos ‘PIIGS’ (acrónimo em inglês para Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) históricos da crise das dívidas na zona euro iniciada em 2010 com a Grécia. Segundo as projeções do algoritmo do portal financeiro World Government Bonds (WGB) para junho do próximo ano, o juro da dívida portuguesa a 10 anos deverá situar-se, então, em 3,97%, não muito longe do que se prevê para os Países Baixos (3,89%) e apenas a 52 pontos-base, pouco mais de meio ponto percentual, do custo da dívida alemã (então em 3,45%) que serve de referência na zona euro.
Se o algoritmo acertar, o juro português será inferior aos previstos para a Áustria, Bélgica, Finlândia e França, quatro economias consideradas do ‘centro’, e situar-se-á muito abaixo das projeções para mais oito países periféricos, incluindo a vizinha Espanha.
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