Economia

Carlos Tavares, CEO da Stellantis, apresentou demissão. Empresa aceitou com "efeitos imediatos"

Emmanuel Macron, sentado aos comandos de um protótipo da Peugeot, enquanto fala com Carlos Tavares, presidente do grupo Stellantis (que integra 14 marcas incluindo a Peugeot)
Emmanuel Macron, sentado aos comandos de um protótipo da Peugeot, enquanto fala com Carlos Tavares, presidente do grupo Stellantis (que integra 14 marcas incluindo a Peugeot)
Ludovic Marin / Pool

O gestor português demitiu-se num momento em que a empresa tem apresentado fracos lucros e termina assim o mandato um ano antes do previsto. Empresa confirma que saída se deve a divergências [em atualização]

Carlos Tavares já não lidera a Stellantis. A informação foi confirmada este domingo ao final do dia, depois de terem surgido alguns rumores de que isso poderia acontecer, segundo a Bloomberg, que atribui a decisão aos fracos resultados da empresa no último ano. Em comunicado, o grupo automóvel que integra 14 marcas, como a Peugeot, a Citrën, a Alfa Romeo, a Jeep, entre outras, confirmou que aceitou a demissão do gestor português.

Na nota, a Stellantis anuncia ainda que a demissão tem "efeitos imediatos" e que o processo de nomeação de um novo CEO "está em curso" e será concluído até junho do próximo ano. E confirma ainda que a saída de Carlos Tavares se deve a divergências. "O sucesso da Stellantis desde a sua criação foi assente num alinhamento perfeito entre os acionistas de referência, a administração e o CEO. No entanto, nas últimas semanas, surgiram visões diferentes que resultaram em que a administração e o CEO chegassem à decisão de hoje", pode ler-se no comunicado, que cita Henri de Castries, administrador independente sénior.

Ainda assim, John Elkann, chairman da empresa que agora vai liderar o Comité Executivo Interino, deixa elogios ao português. "Os nossos agradecimentos vão para o Carlos, pelos seus anos de trabalho dedicado e pelo papel que desempenhou na criação da Stellantis, além das recuperações da PSA [grupo Peugeot Citroën] e Opel, guiando-nos no caminho para nos tornarmos líderes globais na nossa indústria", pode ler-se na nota. "Anseio por trabalhar com o nosso novo Comité Executivo Interino, apoiado por todos os nossos colegas da Stellantis, enquanto concluímos o processo de nomear o nosso novo CEO."

A Bloomberg, que noticiou inicialmente a demissão, atribuiu a saída de Carlos Tavares aos fracos resultados da empresa, sobretudo nos EUA. No final de outubro a empresa deu conta de uma diminuição de 27% nas vendas do terceiro trimestre do ano, comparativamente a igual período do ano anterior e que corresponde a uma quebra de €33 mil milhões.

No primeiro semestre de 2024 as ações perderem 43% do seu valor no acumulado do ano, segundo a agência Reuters.

A demissão surge dois meses depois de Carlos Tavares ter admitido, durante uma conferência de imprensa no âmbito do Salão Automóvel de Paris, em França, que já tinha falado com a família e a decisão estaria já tomada: no início de 2026 iria deixar o cargo que atualmente ocupava naquela que é a quarta maior construtora automóvel à escala global.

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