
Por ora, continuamos a viver num mundo económico desligado da realidade do mundo natural. É um mundo cego, surdo e mudo em que poluir é sinónimo de criação de riqueza e despoluir é tanta vezes visto como uma atividade ociosa
Por ora, continuamos a viver num mundo económico desligado da realidade do mundo natural. É um mundo cego, surdo e mudo em que poluir é sinónimo de criação de riqueza e despoluir é tanta vezes visto como uma atividade ociosa
Membro do Conselho do Gabinete Europeu de Ambiente (EEB)
Os serviços da Direção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia (CE) quantificaram o valor da natureza em 40 milhões de biliões de euros: uma soma astronómica da qual dependem, para serem competitivos, três sectores económicos (agricultura, construção e alimentação e bebidas) e seis fileiras industriais: produtos químicos e materiais; aviação, viagens e turismo; imobiliário; mineração e metais; cadeia de abastecimento e transportes; retalho, bens de consumo e estilo de vida.
Em meados de janeiro de 2020, o Fórum Económico Mundial reunido em Davos reconhecia, após analisar 163 sectores industriais e respetivas cadeias de abastecimento globais, que as empresas estão mais dependentes da natureza e da biodiversidade, incluindo a biodiversidade agrícola, do que esperava, como indica o relatório então divulgado (The New Nature Economy Report), onde podemos ler que “à medida que a natureza perde a sua capacidade de fornecer esses serviços, estas indústrias podem sofrer perturbações significativas.”
Este valor gigantesco corresponde a mais de metade do produto interno bruto mundial. Só na União Europeia, a CE avalia entre 200 e 300 mil milhões de euros os benefícios anuais da Rede Natura 2000 e prevê que a proteção da biodiversidade possa originar 500 mil novos postos de trabalho. A perda de biodiversidade ameaça a saúde e a segurança alimentar e agrava as alterações climáticas.
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