A redução da remuneração da dívida pública via Certificados de Aforro acabou por penalizar as contas do Correios na primeira metade deste ano, levando a uma quebra de quase 24% no resultado líquido, que baixou para 19,8 milhões de euros. Foi no primeiro trimestre onde a quebra na subscrição mais se sentiu, tendo havido já uma recuperação no segundo trimestre, à medida que os bancos vão oferecendo taxas de juro menos atrativas menos atrativas, o que fez com que o crescimento se tenha situado nos 10% face ao primeiro trimestre de 2024.
É na área da logística que os CTT estão a crescer mais, especialmente no segmento Expresso e Encomendas, que representam já 40% dos rendimentos totais, o que leva os Correiros a olhar para oportunidades de aquisição no mercado espanhol. Contas divulgadas esta segunda-feira pelos CTT mostram que a área logística atingiu os 451 milhões de euros no primeiro semestre, mais 20,7% do que no período homólogo, atingindo um peso de 86% dos rendimentos totais dos CTT. Quase metade deste valor vem da área dos serviços Expresso e Encomendas, cujas as receitas ascenderam aos 210,4 milhões de euros no primeiro semestre deste anos, mais 48,9% do que na primeira metade de 2023. Em Espanha são transportados 368 mil objetos por dia, um crescimento face aos 330 mil do primeiro trimeste e mil objetos abaixo dos transportados no quatro trimestre de 2023, o período mais forte. Em Portugal, um mercado bem mais pequeno, foram transportados 157 mil objetos, sensivelmente os mesmos que no trimestre anterior.
Nem tudo foi crescimento, como já referido. Os resultados operacionais do Banco CTT e o segmento dos serviços financeiros atingiram os 73,3 milhões de euros, menos 31,3% do que no período homólogo. Situação que os CTT atribuem "principalmente à expectável queda dos volumes de colocação de dívida pública", por causa das alteração das regras dos Certificados de Aforro, que afastaram subscritores deste tipo de poupanças. Uma decisão do governo anterior que veio limitar o interesse neste produto, que tinham batido máximos históricos no primeiro semestre de 2023.
Foram efetuadas subscrições no montante de 621,2 milhões de euros no primeiro semestre, muito abaixo dos 11,400 mil milhões de euros de subscrição na primeira metade de 2023. Entretanto, os CTT lançaram em meados de julho a possibilidade de subscrição online de Certificados de Aforro, uma fórmula que está a revelar-se bem sucedida. Houve já largos de milhares de pessoas a fazerem a subscrição online. Cerca de cinco mil pessoas já estão a usar este serviço.
A refletir o pior desempenho nos serviços financeiros, o resultado antes de impostos, juros, amortizações e depreciações (EBITDA) fixou-se em 70,8 milhões de euros, abaixo dos 80,1 milhões de euros do primeiro semestre de 2023.
Banco CTT à espera de novo acionista
É no segmento das Expresso e Encomendas onde os CTT mais crescem na Península Ibérica - um negócio que já é maior em Espanha do que em Portugal - , e é neste segmento e na banca que está a grande aposta de crescimento da empresa liderada por João Bento. No Banco CTT foram acrescentadas mais de 20 mil contas no período em análise, tendo havido um aumento de 45% dos resultados antes de impostos-
Ainda acionista único do Banco CTT, os Correios têm disponibilidade para abrir o capital e perder inclusive o controlo, João Bento já o disse em entrevista à Bloomberg. Tem havido, ao que o Expresso sabe, manifestações de interesse, mas não há qualquer processo de venda a avançar, nem à pressa para fechar o dossiê. À espera de luz verde do Banco de Portugal está ainda a venda de 8,71% do Banco CTT à General Seguros, um processo iniciado há cerca de dois anos, e que se admite agora que se conclua em outubro.
Entretanto, seguindo uma tendência que se tem vindo a acentuar houve uma queda no tradicional no negócio proveniente do segmento dos Correios no segundo trimestre - os valores habituais situam-se entre os 6% e 8% e acelerou para os 11%, o que é explicado em parte pela paragem do Estado decorrente do período eleitoral. Os correios representam 37% do total das receitas operacionais dos CTT.
Os custos aumentaram 13,3% para 498,3 milhões de euros, sendo que o maior aumento foi o verificado no fornecimento de serviços externos (mais 30,9% para 226,5 milhões de euros) e nos gastos com pessoal (mais 4,6% para 202,3 milhões de euros.
Foi ainda anunciado um novo programa de recompra de ações no valor de 25 milhões de euros, o equivalente a 4% da capitalização bolsista. Uma decisão que a administração dos Correios considera ser um voto de confiança nos resultados da empresa.