Corticeira Amorim com quebra de 28,9% nos lucros semestrais
Vendas da Corticeira caíram 7,1%, para os 500,7 milhões num semestre marcado “pelo aumento significativo do preço do consumo da cortiça”
Vendas da Corticeira caíram 7,1%, para os 500,7 milhões num semestre marcado “pelo aumento significativo do preço do consumo da cortiça”
Jornalista
A Corticeira Amorim fechou o primeiro semestre com quebra nas vendas e nos lucros. As vendas até junho continuam acima do patamar do 500 milhões de euros, mas caíram 7,1% face aos primeiros seis meses do ano passado, para os 500,736 milhões de euros, anunciou a empresa esta segunda-feira. Nos lucros, a quebra foi superior, na ordem dos 28,9%, para os 36,5 milhões.
“Todas as Unidades de Negócio registaram uma redução das vendas decorrente, na generalidade, de menores níveis de atividade, exceto a Amorim Cork Composites, cujas vendas ascenderam a 60 milhões de euros, um crescimento de 3,2% face ao primeiro semestre de 2023”, indica a empresa no comunicado de apresentação dos resultados enviado à CMVM - Comissão de Mercado de Valores Mobiliários.
O grupo líder mundial no sector da cortiça, refere “o contexto adverso do mercado, nomeadamente no que diz respeito à performance dos volumes” a “penalizar as vendas da Amorim Cork, que registaram um decréscimo de 7,1% face ao período homólogo do ano passado”.
No que respeita à quebra dos lucros, o grupo refere a inclusão de custos não-recorrentes (5,3 milhões de euros), bem como o aumento dos encargos financeiros em consequência do maior nível de endividamento.
O EBITDA (lucro antes de impostos, depreciação e amortização) consolidado ascendeu a 94,4 M€, abaixo dos 103,8 M€ do primeiro semestre de 2023, a refletir a pressão dos “maiores preços de consumo de matérias-primas cortiça” e o “efeito da desalavancagem operacional”. Mas, diz o comunicado “os menores custos de matérias-primas não cortiça, maiores eficiências industriais e melhorias do mix de produto possibilitaram compensar parcialmente estes efeitos, suportando a margem EBITDA consolidada nos 18,9% (19,2% no semestre homólogo).
No final de junho, a dívida remunerada líquida ascendia a 237,5 milhões de euros. “Apesar do acréscimo das necessidades de fundo de maneio (30 milhões), do pagamento de dividendos (26,6 milhões) e do aumento do investimento em ativo fixo (22,2 milhões). foi possível reduzir a dívida líquida em 3,4 milhões de euros face ao final de dezembro de 2023 (240,8 milhões)”, sublinha o comunicado.
Sobre a alteração do modelo organizativo, a administração da empresa, presidida por António Rios Amorim, refere que “o exigente contexto económico e a intensificação da concorrência têm impactado o mercado de pavimentos na Europa e, consequentemente, penalizado a atividade da Amorim Cork Flooring nos últimos anos. Face a esta situação e perante a inexistência de sinais de recuperação desta indústria, iniciou-se, em maio deste ano, um processo de reestruturação que implicou o ajustamento da sua estrutura produtiva e de suporte à dimensão atual das vendas, de forma a reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência pela otimização industrial”.
O processo inclui medidas de otimização comercial e consequente ajuste do modelo de distribuição, que prevê o encerramento ou otimização das empresas de distribuição próprias no exterior, precisa. A Corticeira Amorim acredita que na oferta de aplicações para diferentes sectores nos negócios “não rolha”, a partilha de meios e recursos, bem como a exploração da capacidade produtiva instalada e das tecnologias, trarão maior eficiência e eficácia às operações.
“Foram identificadas e consideradas sinergias industriais, comerciais e de suporte entre a Amorim Cork Flooring e outras unidades de negócio” que, em conjunto com as medidas acima indicadas, permitirão uma melhoria significativa do desempenho do negócio, diz a empresa, a avançar no próximo trimestre, com uma nova organização que agrega as unidades Amorim Cork Flooring, Amorim Cork Composites e Amorim Cork Insulation, numa nova unidade de negócio designada Amorim Cork Solutions.
“Esta nova UN potenciará o crescimento sustentável da Corticeira Amorim e as sinergias obtidas conduzirão a uma organização mais eficiente das operações “não rolha”, o que levará, a médio prazo, a um melhor desempenho, contribuindo para a diversificação do seu portefólio de aplicações”, afirma o comunicado.
João Pedro Azevedo, atual CEO da Amorim Cork Composites, acumulará as funções de CEO da Amorim Cork Flooring e será o CEO da Amorim Cork Solutions a partir de janeiro de 2025.
No comentário ao desempenho da empresa, o presidente António Rios Amorim antecipa que a nova unidade “conduzirá a uma gestão mais eficiente das operações “não rolha” e potenciará sinergias industriais, comercias e de suporte, decorrentes da partilha de meios e recursos, bem como a otimização da capacidade produtiva instalada e das tecnologias”.
“O ano de 2024 fica marcado pelo aumento significativo do preço de consumo de cortiça, reflexo da subida dos preços na campanha de 2023, por condições de mercado desafiantes, com baixa visibilidade e pressão sobre os volumes, e pela reestruturação da Amorim Cork Flooring”, nota.
“Os nossos esforços concentram-se em reforçar a solidez financeira e proteger os níveis de rentabilidade, através do aumento da eficiência industrial, melhoria do mix e ganhos de quota de mercado”, conclui.
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