Economia

TAP: Sindicato dos tripulantes partilha posição do presidente executivo sobre privatização e defende que deve ser parcial

TAP bate lucro recorde de 177,3 milhões em 2023 e vê custos com trabalhadores disparar
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José Carlos Carvalho

O sindicato dos tripulantes da TAP veio colocar-se ao lado de Luís Rodrigues, defendendo que partilha a posição do presidente da companhia face à privatização da transportadora, considerando que venda deverá ser apenas parcial mantendo o Estado uma percentagem do capital

O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Ricardo Penarróias, manifestou-se esta terça-feira satisfeito com a posição do presidente da TAP sobre a manutenção de uma participação Estado após privatização.

“Ficamos satisfeitos quando o CEO [presidente executivo] da TAP tem sobre esta matéria a mesma opinião que o sindicato”, afirmou o dirigente sindical, em nota enviada à imprensa, lembrando que o SNPVAC sempre defendeu “que o Estado, numa futura privatização, deve manter uma percentagem pública para que possa ter uma influência nos desígnios estratégicos da companhia”.

Em entrevista ao ‘Financial Times’, publicada esta terça-feira, o presidente da TAP, Luís Rodrigues, defendeu que o Estado deve manter uma participação na companhia aérea após a privatização e que se deve atrair investidores fora do setor da aviação, para contornar eventuais preocupações concorrenciais da Comissão Europeia com a consolidação de companhias aéreas.

“A minha recomendação seria que o Governo português mantivesse uma posição, fizesse parte de todo o processo de desenvolvimento”, disse o líder da TAP. Luís Rodrigues justificou que, daquela forma, garante-se que “se os atores mudarem, ninguém entrará com uma agenda diferente”, apontando como exemplo a necessidade de servir as regiões autónomas da Madeira e dos Açores. “Acho que em algum momento poderemos estar prontos para uma venda de 100%, mas vamos passo a passo”, realçou.

Declarações que levaram a uma afirmação dura do ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, à saída de uma reunião ministerial, em Bruxelas. O governante defendeu que o presidente da TAP devia focar-se na gestão, em vez de se “imiscuir em problemas que são do acionista”.

“Eu concordo que o presidente da TAP se deve focar na gestão da TAP e não se imiscuir em problemas que são do acionista. O presidente da TAP deve-se focar na gestão da TAP e a TAP bem precisa de boa gestão e, nesta altura, é isso, cada um deve desempenhar o seu papel”, disse o governante.

O anterior Governo socialista deu início ao processo de reprivatização da TAP no ano passado e esperava ter a operação concluída ainda no primeiro semestre deste ano, mas a operação ficou em suspenso devido à dissolução do parlamento e convocação de eleições legislativas antecipadas, em março, que deram a vitória à Aliança Democrática (PSD, CDS-PP E PPM).

Na sexta-feira, o ministro das Infraestruturas disse, no parlamento, que o processo de privatização da TAP aberto pelo anterior executivo não foi fechado pelo atual, adiantando que o calendário não está definido e que esta é uma fase de recato.

“O calendário [da privatização da TAP] não está definido, mas deixe-me dizer-lhe senhora deputada: o processo está aberto, foi aberto pelo anterior governo e este Governo não o fechou”, afirmou Miguel Pinto Luz, em resposta à deputada da Iniciativa Liberal Mariana Leitão.

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