O que se passou a designar por “fragmentação” da economia mundial está em aceleração desde a invasão russa da Ucrânia, mas um grupo de economias consideradas não-alinhadas está a fazer a conexão entre dois blocos geopolíticos, um ocidental (centrado nos Estados Unidos e na Europa) e um oriental (centrado na China e na Rússia), redirecionando as cadeias de abastecimento mundial e contrariando a desglobalização.
A conclusão é de um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), intitulado “Changing Global Linkages: a New Cold War?”, assinado ao mais alto nível por Gita Gopinath, diretora-geral adjunta, e Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe. O papel que está a ser desempenhado por essas ‘pontes’ faz com que “estejamos muito longe (e esperemos que assim continue) do que se passou com a ‘Cortina de Ferro’ depois de 1947”, conclui o estudo do FMI, publicado uma semana antes de se iniciar a assembleia da primavera da organização.
O estudo do FMI aponta, como exemplos de ‘conectores’ económicos entre dois blocos geopoliticamente rivais em ascensão, os casos do México, Emirados Árabes Unidos, Índia, Vietname e outras economias do grupo da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático). Este grupo está a tirar proveito do redirecionamento das cadeias de abastecimento, contornando as barreiras entre os dois blocos geopolíticos, mas a continuação desta oportunidade depende de as partes continuarem a fazer “vista grossa” a estas vias indiretas de relacionamento ou optarem por formas mais radicais de “desacoplamento” entre os dois blocos.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt