Economia

Banco central dos Estados Unidos não quer corte de juros precipitado

Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos
Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos
Yuri Gripas/Reuters

As atas da reunião de 30 e 31 de janeiro da Reserva Federal norte-americana (Fed) publicadas esta quarta-feira confirmam que a equipa de Jerome Powell só avançará para o primeiro corte de juros quando tiver “maior confiança” na trajetória de descida da inflação que, em janeiro, ainda estava em 3,1%

A publicação, esta quarta-feira, das atas da reunião da Reserva Federal norte-americana (Fed) de 30 e 31 de janeiro confirmam que a equipa liderada por Jerome Powell mantém uma postura de prudência em relação à primeira decisão de corte nos juros que subiram até 5,5% no ano passado.

As atas revelam que, em virtude da incerteza manifestada pelos participantes na reunião do comité de política monetária, o comunicado oficial alterou a perspetiva transmitida anteriormente para passar a dizer explicitamente que a Fed precisa de “maior confiança” em que a trajetória de desinflação (de descida do ritmo de inflação) é sólida, antes de tomarem uma decisão de descida dos juros.

A posição de consenso aponta para duas balizas. Por um lado, a Fed considera que a taxa diretora em 5,5% corresponde ao pico do ciclo de subida dos juros iniciado em março de 2022 e terminado em julho de 2023. "Ao discutir as perspetivas de política [monetária], os participantes acharam que a taxa diretora provavelmente chegou ao pico para este ciclo de aperto", lê-se nas atas. Mas, por outro lado, “a generalidade dos participantes” não pretende descer os juros atuais "até que tenham ganho maior confiança de que a inflação está a descer de forma sustentável em direção a 2% [o objetivo de inflação da política monetária]".

Esta atitude de prudência é reafirmada em outras passagens das atas. "Os participantes destacaram a incerteza associada a quanto tempo uma orientação restritiva de política monetária precisará de ser mantida", referem as atas. “A maioria dos participantes salientou os riscos de se mover muito rapidamente para aliviar a postura da política monetária e enfatizou a importância de avaliar cuidadosamente os dados recebidos para julgar se a inflação está a descer de forma sustentável para 2%”, lê-se, ainda, no resumo da reunião agora publicado.

Primeira descida poderá ser em junho

A próxima reunião do comité de política monetária realiza-se a 19 e 20 de março e revelará as projeções dos membros do sistema da Reserva Federal para os juros, a inflação e o crescimento. Os mercados não esperam que a reunião que vai decorrer daqui a menos de um mês decida um primeiro corte da taxa diretora. A primeira descida poderá ser decidida na reunião de junho, com a plataforma Fed Watch da CME a atribuir uma probabilidade de 53% a uma descida de 25 pontos-base (um quarto de ponto percentual).

O balanço da Fed é superior ao do Banco Central Europeu (BCE). A 14 de fevereiro, os ativos da Reserva Federal somavam 7,63 biliões de dólares (cerca de 7,1 biliões de euros), enquanto os do BCE totalizavam, dois dias depois, 6,84 biliões de euros.

Ativos emagreceram 15%

Depois de uma trajetória de subida desde agosto de 2019 até um pico em abril de 2022, o balanço da Fed emagreceu. Na trajetória de subida, os ativos dispararam 138%, de 3,76 biliões para 8,96 biliões de dólares. Desde o pico, em abril de 2022, os ativos reduziram-se em 1,33 biliões de dólares, cerca de 15%.

Recorde-se que a economia norte-americana cresceu no ano passado 2,5%, um ritmo cinco vezes superior ao da zona euro (0,5%). A inflação em janeiro foi de 2,8% na zona euro e 3,1% nos Estados Unidos.

O rácio da dívida pública nos EUA subiu para 119,9% do PIB no final de 2023, enquanto na zona euro desceu para 90,3%.

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