Economia

China mantém juros em 3,45%, mas corta na taxa dirigida às hipotecas

Banco Popular da China em Pequim
Banco Popular da China em Pequim
Jason Lee

O Banco Popular da China decidiu esta terça-feira manter a taxa diretora principal em 3,45%, mas, para surpresa dos mercados, decidiu cortar nos juros a cinco anos dirigidos às hipotecas face à crise imobiliária crónica. Em 19 reuniões de bancos centrais já realizadas em fevereiro, 11 não mexeram nos juros

A autoridade monetária chinesa decidiu esta terça-feira não mexer na taxa diretora principal, que está em 3,45%, mantendo um congelamento dos juros que dura há sete meses. O Banco Popular da China (PBOC, no acrónimo internacional em inglês) optou pela postura da maioria dos bancos centrais que já realizaram reuniões em fevereiro. Em 19 reuniões de bancos centrais em todas as geografias, 11 decisões de política monetária foram no sentido de manter os juros.

No entanto, Pequim cortou na taxa a cinco anos que tem repercussão nas hipotecas, face a uma crise imobiliária crónica. Esta taxa foi reduzida em 25 pontos-base, descendo para 3,95%. Foi o maior corte de que há registo na taxa a cinco anos e a primeira mexida desde maio do ano passado. A taxa diretora principal é a 12 meses.

Abrandamento do crescimento, deflação e crise imobiliária

Apesar de um quadro esperado de abrandamento do crescimento em 2024, o PBOC ainda não decidiu prosseguir com o alívio da política monetária. O último corte na taxa diretora principal foi em agosto do ano passado. As previsões apontam para uma desaceleração do crescimento económico de 5,2% no ano passado para 4,4% este ano, segundo o Banco Mundial, ou 4,6%, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.

A prioridade nas decisões desta terça-feira centrou-se na taxa a cinco anos e na sua repercussão no mercado de hipotecas, aliviando as taxas. A crise imobiliária dura já há quatro anos e registou recentemente um ponto negro com a decisão de um tribunal em Hong Kong para a liquidação do Evergrande Group. Em 2018 foi considerada a marca de imobiliário mais valiosa do mundo.

A economia chinesa enfrenta há quatro meses uma situação de deflação, de quebra de preços no consumidor, ao contrário de grande parte do mundo, que regista taxas de inflação, de crescimento dos preços, apesar do processo de desinflação em curso (descida do ritmo de inflação) na maior parte das economias no mundo.

A quebra de preços em janeiro na China foi de 0,8%, a maior desde setembro de 2009. Os economistas asiáticos temem que as expetativas deflacionistas se possam entranhar no sentimento dos consumidores.

Há 10 economias no mundo em deflação. As situações mais graves registam-se no Afeganistão (-9,1%) nas Seychelles (-2%), na Costa Rica (-1,9%), no Benim (-1,2%) e na Tailândia (-1,1%). Nenhuma economia desenvolvida está nesta situação, mas há dois países petrolíferos, o Bahrain e o Omã, que registam quebra de preços.

Uma das taxas diretoras mais baixas na Ásia

Excluindo o Japão, que regista uma taxa de juros negativa desde 2016, e ainda Taiwan (1,875%), Tailândia (2,5%) e Malásia (3%), a taxa diretora chinesa em 3,45% é inferior às da Coreia do Sul (3,5%), da Austrália (4,35%) e da Nova Zelândia (5,5%).

Face às duas referências internacionais, é inferior à da Reserva Federal norte-americana (entre 5% e 5,5%) e do Banco Central Europeu (4,5%).

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