Alimentação, eletricidade e restaurantes responsáveis pela subida da taxa de inflação em janeiro para 2,3%
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O INE confirmou esta segunda-feira a estimativa avançada no final de janeiro, que apontava para uma taxa de inflação de 2,3% no primeiro mês do ano. É uma marca superior à de dezembro. O fim do IVA Zero ajudou a agravar os preços de bens essenciais como o peixe e o pão
O INE confirmou esta segunda-feira, 12 de fevereiro, a estimativa avançada no final de janeiro que apontava para uma taxa de inflação de 2,3% no primeiro mês do ano. É um aumento em relação aos 1,4% de dezembro. Agora, com mais detalhe face à estimativa inicial, o instituto explica que o aumento dos preços dos bens alimentares é um dos principais responsáveis pelo acelerar da inflação; e dá o fim da medida IVA Zero, no início do ano, como um dos fatores de aceleração dos preços.
O desaparecimento da medida no início de janeiro, que isentava de IVA um conjunto de bens alimentares considerados essenciais, contribuiu com mais 0,7 pontos percentuais para o cálculo da taxa de inflação do primeiro mês do ano. No caso da taxa de inflação específica para os bens alimentares e bebidas não alcoólicas, o fim da medida significou mais 3,3 pontos percentuais para esse subgrupo, já que cerca de 40% dos bens incluídos na medida IVA Zero estão incluídos nesta classe de produtos. Em média, a categoria da alimentação e bebidas não-alcoólicas fechou janeiro com um aumento médio de 2,7% dos preços quando comparados com os de janeiro de 2023.
O INE acrescenta que, entre dezembro e janeiro, os preços dos produtos incluídos na medida IVA Zero aumentaram 4,2%. Se a medida não tivesse existido, o aumento teria sido, em teoria, de 6,1% de um mês para o outro. O INE realça que “de acordo com estes cálculos é possível concluir que o preço de base dos preços destes produtos terá diminuído ligeiramente”.
Nas variações homólogas, destaque para os preços da habitação, água, eletricidade e gás, que aumentaram 4,3% em janeiro face ao ano passado; e dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas, que cresceram 2,7%.
Em sentido contrário, o segmento do vestuário e calçado foi das duas únicas, entre as grandes classes de produtos, a registar queda de preços na comparação homóloga: o custo médio dos bens deste setor decresceu 3,02%. Com menor impacto na taxa geral, mas também em deflação, esteve a classe de acessórios, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação, cujos preços caíram 0,1% em janeiro na comparação homóloga.
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Preço do peixe sobe 7%, pão mais de 5%
Na análise com mais detalhe do sobe-e-desce dos preços em janeiro, os cálculos do INE sugerem que foram bens essenciais e serviços como a restauração os que maiores aumentos tiveram no início do ano. De dezembro para janeiro, a subida dos preços da eletricidade foi, em média, de 5,86%. Os preços dos restaurantes, cafés e similares cresceram 1,7%. E dois dos bens alimentares mais consumidos pelas famílias portuguesas, o peixe fresco e congelado e o pão - dois tipos de bens incluídos no rol de produtos isentos de IVA - tiveram fortes aumentos de preço no início do ano: 7,72% e 5,37%, respetivamente, comparando com o último mês do ano.
A habitação, de resto, encareceu na virada para 2024. Face a dezembro, as rendas por metro quadrado aumentaram 1,4%. Se se comparar o custo da habitação com o de janeiro do ano passado, a subida é ainda maior: 5,9%, com as regiões Norte e Lisboa a apresentarem subidas de 6,1%, as mais acentuadas do País.
Em parte devido a estas subidas, a taxa de inflação mensal cresceu residualmente, 0,01%, interrompendo a série de quedas de mês para mês que vinha a apresentar desde outubro.
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Inflação portuguesa abaixo da da zona euro
Entre outros indicadores relevantes está a taxa de inflação subjacente, que, por excluir os produtos alimentares não transformados, como carne, peixe, legumes e frutas, e produtos energéticos, de preços mais voláteis, é encarada como uma forma de estimar a tendência de longo-prazo da subida de preços. Esta abrandou para os 2,42% em janeiro, depois dos 2,64% de dezembro.
Já o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), o que conta para Bruxelas, foi de 2,5% em janeiro face ao período homólogo, mais 0,6 pontos percentuais do que o de dezembro e 0,3 pontos percentuais abaixo da taxa da zona euro.