O Partido Socialista elevou ligeiramente as previsões de crescimento da economia para os próximos anos, mas o cenário traçado até 2028 apresenta aumentos do PIB inferiores aos que são estimados pela Aliança Democrática. Na descida da dívida pública, as duas forças estão alinhadas
Editor de Economia
O Partido Socialista (PS) traça para o horizonte de 2028 um cenário de crescimento económico mais conservador do que aquele que é projetado pela Aliança Democrática (AD), de acordo com o cenário divulgado este domingo, no âmbito da apresentação do programa eleitoral socialista para as legislativas de 10 de março.
Enquanto a AD conta ter a economia portuguesa a crescer 3,4% em 2028, o PS projeta para esse ano um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 2%. Nas últimas estimativas, o Governo do PS traçava para 2027 um crescimento do PIB de 1,8%. Agora coloca o crescimento económico em 2% naquele ano (tal como em 2028). Para 2027, a AD prevê uma subida do PIB de 3%.
Quanto a 2024, os socialistas estimam que a economia portuguesa possa crescer 1,5% (tal como inscrito no Orçamento do Estado), ligeiramente abaixo dos 1,6% estimados pela AD.
Para 2028, o PS prevê que o consumo privado suba 1,7% (longe dos 3,2% estimados pela AD) e que o investimento cresça 3,4% (em linha com a previsão da AD). Para as exportações, o partido de Pedro Nuno Santos antecipa um crescimento de 3,7% em 2028 (ao passo que a aliança encabeçada por Luís Montenegro aponta para 4,4%).
No mercado de trabalho, o cenário apresentado pelo PS aponta para uma taxa de desemprego de 5,7% em 2028, com a AD a mostrar-se mais confiante numa trajetória de descida para os 5% naquele ano.
Apesar de mais conservador do que a AD em matéria de crescimento económico, o PS salienta, na apresentação do seu cenário, que Portugal manterá um avanço do PIB acima do da zona euro: 1,5% em Portugal face a 0,8% na área da moeda única este ano, e crescimentos na casa dos 2% nos próximos anos, quando a zona euro não deverá ir além de 1,5%.
Uma das mensagens do programa socialista é a de que o investimento público será reforçado para o equivalente a 8,4% do Produto Interno Bruto em 2028, mais 6,1 pontos percentuais do que o peso de 2,3% que se registava em 2015 (início da governação do PS).
Mobilidade, educação, saúde e habitação são as áreas destacadas pelo PS no quadro do reforço do investimento público.
Outro ponto relevante do cenário apresentado este domingo pelo PS é que as contas públicas manterão uma trajetória de consolidação, com a dívida pública a recuar para 80,1% do PIB em 2028. E aí a meta é muito similar à da AD, que projeta para o final da próxima legislatura uma dívida de 80,2% do PIB.
Para o corrente ano, enquanto a AD projeta uma dívida pública de 96% do PIB, o PS aponta para 95,1%. Este objetivo do partido liderado por Pedro Nuno Santos implicará uma redução de 15 pontos percentuais do rácio da dívida. Recorde-se que entre 2020 e 2023 o rácio já caiu mais de 36 pontos, de 134,9% em 2020 para 98,7% no ano passado.
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