A OCDE está ligeiramente mais otimista sobre o crescimento global este ano, prevendo agora uma expansão do PIB de 2,9%, antes de recuperar para 3% em 2025, segundo divulgado esta segunda-feira.
Segundo a atualização das projeções económicas, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) prevê que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global diminua para 2,9% em 2024 - de 3,1% em 2023 -, antes de recuperar para 3% em 2025, à medida que as condições financeiras melhoram.
Face a novembro, a organização com sede em Paris reviu em alta de 0,2 pontos percentuais (p.p.) a projeção para 2024 e manteve inalterada a de 2025.
A OCDE destaca que o crescimento global se revelou resiliente em 2023, com a inflação a diminuir mais rapidamente do que o previsto, mas os resultados divergiram entre os países, com um forte crescimento nos Estados Unidos e em diversas economias emergentes, o que contrastou com uma desaceleração na maioria dos países europeus.
Segundo a OCDE, indicadores recentes apontam para alguma moderação do crescimento, resultado do impacto de condições financeiras mais restritivas nos mercados de crédito e imobiliário, e da moderação do comércio global.
"Ataques em navios no Mar Vermelho aumentaram drasticamente os custos de transporte e prolongaram os prazos de entrega, perturbando os calendários de produção e aumentando as pressões sobre os preços", alerta ainda.
A explicar a desaceleração do crescimento este ano face ao ano passado estará o "desvanecimento ou a reversão de fatores cíclicos anteriormente favoráveis, como o declínio pós-pandemia nos estrangulamentos de oferta, juntamente com políticas macroeconómicas restritivas nas principais economias avançadas e tensões estruturais na China".
A concretizar-se será o terceiro ano consecutivo de moderação do crescimento.
Em 2025 prevê-se que o crescimento mundial acelere para 3%, impulsionado por uma flexibilização generalizada da política monetária, à medida que a inflação converge para as metas do banco central e uma recuperação constante dos rendimentos reais, aponta.
A OCDE considera que "na ausência de novos choques adversos na oferta, o arrefecimento das pressões sobre a procura deverá permitir que a inflação global e a inflação subjacente caiam ainda mais na maioria das economias".
Entre as principais economias mundiais, a OCDE prevê que o PIB norte-americano cresça de 2,5% em 2023 para 2,1% em 2024 e 1,7% em 2025, enquanto o da zona euro avança de 0,5% em 2023 para 0,6% em 2024 e 1,3% em 2025.
Para a China aponta uma moderação do crescimento, passando de uma taxa de 5,2% em 2023 para 4,7% em 2024 e 4,2% em 2025, enquanto para o Reino Unido prevê uma expansão de 0,3% em 2023, de 0,7% em 2024 e de 1,2% em 2025.
Inflação sobe 0,4 pontos se subida nos custos de transporte marítimo continuar
A OCDE estimou ainda que o Índice de Preços no Consumidor (IPC) pode subir 0,4 pontos percentuais ao fim de um ano se a subida nos custos de transporte marítimo continuar, devido ao conflito no Mar Vermelho.
“A investigação da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento] sugere que o recente aumento de 100% nos custos de transporte, se persistir, poderá aumentar a inflação anual dos preços de importação da OCDE em cerca de cinco pontos percentuais”, pode ler-se no relatório.
A concretizar-se, segundo a organização, a estimativa é de mais 0,4 pontos percentuais na inflação dos países da OCDE, medida pelos preços no consumidor, após cerca de um ano.
A OCDE recorda que os ataques de huthis aos navios comerciais no Mar Vermelho levaram ao redirecionamento dos fluxos comerciais, tendo os custos e os prazos de entrega aumentado, especialmente no comércio da Ásia para a Europa.
“Isto já começou a perturbar os calendários de produção na Europa, especialmente para os fabricantes de automóveis. Cerca de 15% dos volumes do comércio marítimo global passaram pelo Mar Vermelho em 2022. A utilização de uma rota mais longa em torno do Cabo da Boa Esperança aumenta os tempos de viagem entre 30-50%, dependendo da rota em causa, e aumenta as necessidades globais de capacidade de transporte”, alerta.
A organização com sede em Paris considera que a capacidade de oferta adicional este ano, refletindo novas encomendas mais fortes de navios porta-contentores após a pandemia, “deverá ajudar a dar resposta ao aumento da procura de transporte marítimo e às pressões moderadas sobre os custos”.
No entanto, adverte que “tal como se viu durante a pandemia e nas suas consequências imediatas, os custos de envio mais elevados aumentarão os custos, especialmente de mercadorias”.
A OCDE alerta ainda que as tensões geopolíticas constituem um risco significativo a curto prazo para a atividade e a inflação, especialmente se o conflito no Médio Oriente perturbar os mercados energéticos.
“A persistência das pressões sobre os preços dos serviços também poderá gerar surpresas ascendentes em termos de inflação e desencadear uma reavaliação dos preços dos mercados financeiros, à medida que as expectativas de flexibilização da política monetária forem reavaliadas”, refere.