Economia

José Paulo Fafe demitiu-se da Global Media

José Paulo Fafe demitiu-se da Global Media
TIAGO MIRANDA

Saída do presidente executivo do grupo de comunicação social que detém o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e O Jogo estava a ser reclamada há semanas pelos acionistas minoritários e pelos trabalhadores

José Paulo Fafe demitiu-se da Global Media

Pedro Lima

Editor-adjunto de Economia

O presidente executivo da Global Media anunciou esta quarta-feira à tarde a sua demissão. A saída acontece numa altura em que os acionistas do grupo se encontram em confronto sem uma solução para resolver o impasse em curso, ao mesmo tempo que volta a haver atrasos no pagamento de salários.

“Ao fim de quatro meses de exercício das funções, decidi hoje apresentar a renúncia ao cargo de presidente da Comissão Executiva do Global Media Group, onde igualmente detinha os pelouros Editorial, de Expansão e Novos Produtos”, refere em comunicado dirigido aos trabalhadores do grupo.

“Faço-o por considerar estarem esgotadas as condições para exercer essas funções, nomeadamente os pressupostos essenciais, nomeadamente o necessário entendimento entre acionistas, para levar a cabo a reestruturação editorial que há muito este grupo necessita, único caminho possível para um reposicionamento dos seus principais títulos e marcas, condição indispensável para o seu crescimento e expansão”, adianta o gestor, que era o representante do fundo de investimento - o World Opportunity Fund - que controla a Global Media.

No comunicado, Fafe, cuja demissão já era pedida há muito tempo pelos acionistas minoritários e pelos trabalhadores, deixa “uma última nota”: “O rigor e a qualidade do jornalismo não se defendem com meras frases de efeito, slogans gastos, ou escondendo factos e realidades indesmentíveis. Constrói-se com projeto, com propósito e fundamentalmente com a coragem que falta aos que, preferindo refugiar-se num passado que lhes esconde as fraquezas, se recusam, muitas vezes por inépcia e incompetência, a fazer o futuro”, diz.

Dois dos principais acionistas minoritários - José Pedro Soeiro e Kevin Ho - convocaram uma assembleia geral para 19 de fevereiro em que um dos pontos em agenda era a destituição da administração, uma forma de retirarem a Fafe a gestão executiva. A 18 de janeiro os administradores executivos Filipe Nascimento e Paulo Lima Carvalho apresentaram também a sua demissão.

Trabalhadores criticam falta de informação

Esta quarta-feira a Global Media voltou a falhar o pagamento dos salários dentro do prazo. Eram devidos os valores de janeiro, mas o grupo não procedeu a esse pagamento e não deu qualquer informação sobre o assunto.

A comissão de trabalhadores da TSF reagiu, referindo que “questionou atempadamente a comissão executiva sobre o pagamento dos salários deste mês, mas, infelizmente, não teve resposta sobre a data em que pretende fazer o pagamento”.

Num comunicado interno a que o Expresso teve acesso, os trabalhadores da rádio dizem lamentar, “uma vez mais, que um tema tão sensível como este não mereça resposta, tampouco um aviso aos trabalhadores que voltam a entrar num novo mês sem saberem quando vão poder cumprir com as suas responsabilidades financeiras”. E adiantam ter tido "conhecimento de que foram feitas propostas de trabalho a recibos verdes a trabalhadores com quem a empresa não quis renovar contratos.

“A comissão de trabalhadores da TSF, sublinhando a ilegalidade da situação, repudia veementemente esta tentativa de tentar contornar a evidente escassez de recursos humanos através de métodos ilegais, que estimulam a precariedade laboral e, a acontecerem, representariam a abertura de um precedente muito grave na empresa”, adianta o mesmo comunicado, referindo que essa situação foi alvo de denúncia à Autoridade para as Condições do Trabalho.

A estrutura representativa dos trabalhadores da rádio mostra também perplexidade “com o facto de os trabalhadores da rádio que aderiram ao plano de rescisões proposto pela administração não terem, até ao momento, um vislumbre de como e quando se efetua a sua saída, num evidente desrespeito pelas vidas e carreiras destas pessoas”.

A administração tinha avançado com a indicação de que seria necessário reduzir entre 150 a 200 trabalhadores e deu o prazo de 10 de janeiro para haver uma negociação amigável, findo o qual poderia avançar para um despedimento coletivo.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: PLima@expresso.impresa.pt

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