Economia

Lucro do Bankinter atinge os 845 milhões de euros com Portugal a duplicar contribuição

María Dolores Dancausa, presidente executiva do Bankinter
María Dolores Dancausa, presidente executiva do Bankinter
JAVIER VAZQUEZ

Em 2023, o lucro do Bankinter cresceu 50,8% para 844,8 milhões de euros, o melhor resultado da sua história. O banco com sucursal em Portugal contribuiu com mais 114% de resultados antes de impostos

Lucro do Bankinter atinge os 845 milhões de euros com Portugal a duplicar contribuição

Isabel Vicente

Jornalista

O grupo espanhol Bankinter fechou o ano de 2023 com resultados recorde na sua história em todas as geografias e linhas de negócio onde opera, diz o banco liderado por Maria Dolores Dancausa.

Em comunicado enviado às redações, o grupo destaca que “evolução favorável das taxas de juro, o crescimento de volumes em todos os indicadores do balanço e uma gestão mais ativa do património dos clientes resultaram em crescimentos substanciais nas rubricas, assim como melhorias na rentabilidade e na eficiência”.

Os resultados líquidos ascenderam a 844,8 milhões de euros, o que correspondeu a mais 50,8% relativamente a 2022, destacando o banco o pagamento de 77 milhões de euros de um novo imposto sobre o sector financeiro em Espanha. Em 2022, o lucro do Bankinter ascendeu a 560 milhões de euros.

A rentabilidade dos capitais próprios - que mede a capacidade do banco remunerar os seus acionistas - alcançou “um nível histórico: 17,1% face aos 12% de há um ano, com um ROTE de 18,2%, os melhores valores entre o setor financeiro em Espanha”.

O rácio de morosidade encontra-se em valores próximos de 2022, nos 2,1%, mas em Espanha “o rácio sobe aos 2,4%, embora esteja bastante abaixo da média do setor, que segundo o Banco de Espanha, se situava nos 3,57% em novembro”.

No comunicado divulgado esta quinta-feira, o Bankinter sublinha que “o maior contributo para a margem bruta do banco provém do negócio de empresas”, devido ao “acompanhamento muito especializado, cuja origem remonta à própria fundação do Bankinter, que não surgiu por acaso como um banco industrial”.

“A carteira de crédito a empresas, que, ao contrário do setor, não deixou de crescer nos últimos anos, alcança um volume de 32.800 milhões de euros, com um crescimento de 4,6% no ano. No que se refere à carteira em Espanha, o crescimento foi de 2,8%, face a uma queda no setor de 5%, com dados relativos a novembro do Banco de Espanha”

Rácios melhoram, crédito e recursos sobem

Também o rácio de eficiência compara favoravelmente com os 44% registados em 2022, já que diminuiu para 37,3%, encontrando-se entre os melhores da banca em Espanha que se situa nos 34%.

O banco reporta ainda que “a carteira de créditos a clientes alcança os 76.885,7 milhões de euros, mais 3,6% do que há um ano”, e que os recursos de clientes de retalho atingiram os 81.574,8 milhões de euros, um crescimento de 8,5% face a 2022.

Já o volume dos recursos geridos fora do balanço também regista um forte crescimento de 18,1%, até aos 43.937 milhões de euros. O banco explica que isto decorre da “captação de novo negócio, assim como à transferência de outros produtos dentro do banco”.

A margem de juros “alcançou os 2,213,5 mil milhões de euros, o que representa um crescimento de 44% em relação ao final de 2022”.

Portugal destaca-se com contributo de 10% para a margem bruta

Das várias geografias onde opera, além de Espanha, o Bankinter destaca a sucursal de Portugal nas suas contas.

Portugal, cujo contributo para a margem bruta do banco alcança já 10%, e que este ano superou as expectativas com um excelente resultado em todos os seus indicadores", contribui com 166 milhões de euros antes de impostos para os resultados históricos do grupo.

Cresceu em todos os indicadores: a carteira de crédito ascendeu "a 9.200 milhões de euros, mais 16% do que há um ano, correspondendo 6.100 milhões à Banca Comercial e o restante valor à Banca de Empresas", a que se soma um baixo rácio de morosidade (incumprimento) de 1,3%.

Os recursos de clientes crescem 32% até aos 8.400 milhões de euros, enquanto os recursos geridos fora do balanço crescem 2% até aos 4.000 milhões de euros. “A gestão desse balanço reflete-se na boa evolução que demonstram todas as rubricas da conta de resultados”, sublinha o banco, enumerando a margem de juros cresce 85%; a margem bruta cresce 61% e a margem antes de provisões regista um incremento de 112%".

Uma evolução que “contribui para um resultado antes de impostos que dispara até aos 166 milhões de euros, 114% acima do valor registado há um ano”. O rácio de eficiência do Bankinter Portugal continua a sua trajetória de melhoria, situando-se nos 33,4% face aos 49,5% de há um ano.

O banco digital EVO Banco alcança ponto de equilíbrio financeiro

O EVO Banco atingiu em 2023 o break even (equilíbrio financeiro) da sua atividade, com receitas por margem bruta que ascenderam a 66 milhões de euros, mais 78% do que no passado.

O Bankinter destaca que “a evolução da carteira de crédito da marca continua em constante crescimento e alcança no final do exercício 3.393 milhões de euros, mais 25% do que em 2022, com um rácio de mora de apenas 0,5%”.

Já no que diz respeito à nova produção hipotecária “ressentiu-se com a debilidade do setor imobiliário e, apesar de obter um meritório volume de 873 milhões de euros, este representa menos 11% do que há um ano”.

A operação na Irlanda, onde o banco opera através da marca Avant Money registou um bom comportamento, com a sua carteira de crédito a atingir os 3.000 milhões de euros, com um crescimento de 34% relativamente a 2022, atingindo as 2.200 milhões de hipotecas. A carteira de hipotecas cresceu 41% e o crédito ao consumo 19%.

Esta atividade consolida na filial Bankinter Consumer Finance, a qual em 2023 contribuiu com 397 milhões de euros para a margem bruta do banco, mais 16% do que em 2022.

No total, “a carteira de crédito desta filial cresceu 23%, somando no final do ano 6.800 milhões de euros, correspondendo 2.200 milhões às já referidas hipotecas na Irlanda, e o restante valor a crédito ao consumo. A parte mais importante do crédito ao consumo, constituída pelos empréstimos pessoais, registou 3.100 milhões de euros, mais 19%, e o restante provém da atividade com cartões nas suas diversas modalidades”.


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