Economia

Zona euro à beira da estagnação: cresce apenas 0,1% no terceiro trimestre

Zona euro à beira da estagnação: cresce apenas 0,1% no terceiro trimestre
GEORGES GOBET/Getty Images

A zona euro prosseguiu a desaceleração económica, com o PIB a crescer apenas 0,1% entre julho e setembro de 2023, segundo a primeira estimativa avançada esta terça-feira pelo Eurostat, o organismo de estatísticas da União Europeia

A zona euro está a caminho de uma estagnação, com o crescimento no terceiro trimestre de 2023 a desacelerar para 0,1%, segundo a primeira estimativa avançada esta terça-feira pelo Eurostat, o organismo de estatísticas da União Europeia.

O processo de abrandamento acentuado da economia do euro em 2023 iniciou-se com o ritmo a descer de 1,8% nos últimos três meses do ano passado para 1,2% no primeiro trimestre deste ano, 0,5% no segundo trimestre e, agora, 0,1% no terceiro trimestre (em termos homólogos, ou seja, face ao mesmo período do ano passado).

A zona euro já regista quatro economias com quebra do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2023, em termos homólogos. O caso mais grave é a Irlanda, com uma queda de 4,7% entre julho e setembro. seguida da Estónia com uma quebra de 2,5%. Também a Áustria recuou 1,2%, e a Alemanha - a maior economia da zona euro e da União Europeia - caiu 0,4%.

As estimativas por país avançadas pelo Eurostat são ainda incompletas, cobrindo apenas 11 das 20 economias do euro e 13 das 27 da União Europeia. Contudo, o organismo de estatísticas considera que estas primeiras estimativas cobrem 96% do PIB da zona euro e 94% do da União Europeia.

No caso da zona euro, não há estimativas ainda para Chipre, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Finlândia, Grécia, Luxemburgo, Malta e Países Baixos. Esta última é a quinta maior economia do euro.

Com a inflação a cair surpreendentemente para 2,9% em outubro na zona euro, a trajetória em direção à estagnação económica reflete o efeito de ‘transmissão’ do aperto na política monetária por parte do Banco Central Europeu (BCE): desinflacionar aceleradamente à custa do crescimento económico.

Recorde-se que o BCE decidiu na sua reunião de 26 de outubro parar o ciclo de subida dos juros, ainda que não antecipando qualquer alívio do aperto monetário, que somou 450 pontos-base (4,5 pontos percentuais) desde julho do ano passado.

Portugal regista o crescimento mais elevado na zona do euro

Apesar da desaceleração do crescimento da economia portuguesa para 1,9% no terceiro trimestre do ano, a dinâmica é a mais elevada no conjunto das 11 economias do euro com estimativas já avançadas pelo Eurostat.

Em comparação, Espanha cresceu 1,8%, a Bélgica 1,5%, a França 0,7% e a Letónia 0,6%.

Itália e Lituânia estagnaram no terceiro trimestre, com crescimento zero.

Sublinhe-se, no entanto, que o Eurostat não avançou com estimativas para nove economias do euro, como já se referiu.

A União Europeia cresceu o mesmo que a zona euro, e o Eurostat só avança com as estimativas entre julho e setembro para duas economias fora do euro, a Suécia, com esta economia nórdica a cair 1,2%, e a Chéquia a recuar 0,6%. A economia sueca cai há dois trimestres consecutivos e a checa há nove meses seguidos.

A segunda estimativa para o crescimento no terceiro trimestre é publicada a 14 de novembro.

Três economias do euro em recessão há dois ou mais trimestres

Áustria, Estónia e Irlanda já registam quebras do PIB há, pelo menos dois trimestres consecutivos, mesmo em termos homólogos (ou seja, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior). A Estónia está em recessão já há três trimestres, desde início do ano, em termos homólogos.

A quebra acumulada mais acentuada em 2023 regista-se na Irlanda, o ex-'tigre celta' da zona euro. A economia irlandesa nos últimos dois trimestres caiu 5,4% em termos acumulados em relação a igual período do ano passado. Desde início do ano, caiu 4,4% em termos acumulados. Recorde-se que, nos últimos três meses de 2022, a economia irlandesa disparou 10,8% em termos homólogos.

Se a evolução da economia for avaliada em cadeia, ou seja, de um trimestre em relação aos três meses anteriores, a Estónia encontra-se em recessão há três trimestres seguidos e a Áustria há dois trimestres consecutivos.

Em cadeia, a economia piorou entre julho e setembro no conjunto da zona euro (quebra de 0,1%) e em mais seis economias do euro, incluindo Portugal (queda de 0,2%). A queda mais grave registou-se na Irlanda (-1,8%) e as mais fracas na Alemanha e Lituânia, com um recuo de 0,1%. Na Áustria, a quebra em cadeia foi de 0,6%. e na Estónia de 0,2%.

No caso de Portugal, é a primeira queda trimestral em cadeia este ano.

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