Inflação na zona euro surpreende com descida para 2,9% em outubro
A inflação na zona euro desceu em outubro para 2,9%, segundo a primeira estimativa publicada esta terça-feira pelo Eurostat. É o nível mais baixo desde julho de 2021
A inflação na zona euro desceu em outubro para 2,9%, segundo a primeira estimativa publicada esta terça-feira pelo Eurostat. É o nível mais baixo desde julho de 2021
Jornalista
A inflação na zona euro surpreendeu com uma desaceleração para 2,9% em outubro de 2023, segundo a estimativa rápida do Eurostat, o organismo de estatísticas da União Europeia, divulgada esta terça-feira. Este abrandamento está medido em termos de variação homóloga, ou seja, em relação a outubro de 2022.
O nível de inflação em outubro ficou abaixo das expetativas dos analistas, que apontavam para 3%. É o nível de inflação mais baixo desde julho de 2021.
Há um ano, a inflação na zona euro atingiu o pico neste surto inflacionista, registando 10,6%.
Desde esse pico, o processo de desinflação (de descida da inflação) levou a uma redução do ritmo inflacionista na zona euro em quase 8 pontos percentuais.
Em paralelo, o Banco Central Europeu (BCE) subiu a taxa diretora de financiamento dos bancos de 2% em outubro do ano passado para 4,5%, uma escalada de 250 pontos-base (2,5 pontos percentuais).
Recorde-se, no entanto, que o processo de aumento dos juros pelo BCE iniciou-se em julho do ano passado, subindo, então, a taxa diretora de financiamento de zero para 0,5%. O aumento acumulado desde o início do aperto monetário pelo BCE soma 450 pontos-base (4,5 pontos percentuais)
A componente da energia nos preços do consumidor recuou 11,1% em outubro, uma quebra ainda maior do que a registada no mês anterior (-4,6%). A energia está a ser o motor principal do processo de desinflação. No caso da energia há mesmo uma quebra de preços, o que não ocorre no conjunto da inflação nem nas outras componentes do índice de preços no consumidor.
No entanto, em outubro, as subidas nos preços das outras componentes do índice desaceleraram, ou seja, aumentaram menos do que no mês anterior. A componente mais inflacionista, a da alimentação, álcool e tabaco, subiu 7,5% em outubro face a 8,8% em setembro. No caso dos bens industriais (excluindo os energéticos), a inflação subiu 3,5% em outubro face a 4,1% em setembro.
No sector dos serviços, a que o BCE também dá particular atenção, os preços aumentaram 4,6% em outubro, ligeiramente menos do que em setembro (4,7%).
Excluindo as componentes mais voláteis do índice de preços, relacionadas com a energia e a alimentação, álcool e tabaco, a inflação em outubro reduziu-se de 4,5% em setembro para 4,2% em outubro, em termos homólogos.
O BCE dá particular atenção à trajetória da inflação subjacente nos seus critérios de análise reunião a reunião. A descida do ritmo de inflação global e subjacente em outubro alivia a pressão sobre o BCE para aumentar os juros.
Recentemente, na reunião de 26 de outubro, o conselho do BCE analisando a trajetória da inflação desde a reunião anterior, optou por fazer uma pausa na subida dos juros.
A situação do surto inflacionista nas economias cujos bancos centrais do sistema do BCE são atualmente liderados por ‘falcões’ (governadores que defendem um maior e mais prolongado aperto monetário) a situação é distinta: a Áustria e a Alemanha registam níveis de inflação ainda acima da média da zona euro, enquanto a Bélgica e os Países Baixos já estão em deflação (quebra de preços).
Ainda esta terça-feira, o presidente do Bundesbank, o banco central alemão, sublinhou que, apesar do processo de desinflação, o BCE deve manter as taxas de juro num nível significativamente alto por um período suficientemente longo. Numa intervenção no think tank alemão Initiative Neue Soziale Marktwirtschaft, Joachim Nagel reafirmou aquela estratégia definida pelo BCE na reunião de 26 de outubro.
Apesar da inflação no conjunto da zona euro estar ainda em trajetória positiva, há já duas economias do ‘centro’ com quebra de preços, a Bélgica e os Países Baixos. Em outubro, a inflação belga registou -1,7% e a neerlandesa -1%. No caso dos Países Baixos, a quebra de preços já se regista há dois meses consecutivos.
Abaixo da média, em terreno positivo, incluem-se a Finlândia, Itália, Letónia e Luxemburgo. Na economia italiana, a desaceleração do ritmo inflacionista foi significativa, com a taxa a descer de 5,6% em setembro para 1,9% em outubro.
Com taxas ainda acima da média da zona euro encontram-se catorze economias, com destaque para a Eslováquia, Eslovénia e Croácia, com níveis de inflação acima de 6,5%. A economia eslovaca regista, agora, o nível de inflação mas elevada no euro, com 7,8%, Há um ano, os piores eram as três economias bálticas, com a inflação acima de 21%.
Portugal inclui-se entre as economias do euro com a inflação acima da média. Na estimativa do Eurostat, que se baseia no Índice Harmonizado de Preços no Consumidor, a inflação em Portugal desceu de 4,8% em setembro para 3,3% em outubro. No entanto, segundo as estimativas do Instituto Nacional de Estatística, o organismo português de estatística, a inflação desceu de 3,6% para 2,1% no mesmo período.
Na comparação dentro da zona euro, com base nas estimativas do Eurostat para outubro, o nível de inflação português é mais baixo do que o registado para Espanha (3,5%), Grécia (3,9%) e Irlanda (3,6%).
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