Aumentos salariais acima dos 4,8%? Sim é possível, diz a CIP

Mas também tem de haver criação de riqueza e alívio fiscal, dizem os patrões, prontos para continuar a negociar o Pacto Social com o governo e parceiros sociais
Mas também tem de haver criação de riqueza e alívio fiscal, dizem os patrões, prontos para continuar a negociar o Pacto Social com o governo e parceiros sociais
Jornalista
Depois de três horas de reunião com o Governo para discutir a sua proposta de “Pacto Social”, a CIP - Confederação Empresarial de Portugal saiu “otimista”, com a porta aberta para mais uma reunião e para a possibilidade de estar a contribuir para o próximo Orçamento de Estado.
Para já, Armindo Monteiro, presidente da CIP, confirmou a disponibilidade dos patrões para aceitarem aumentos salariais superiores aos 4,8% já acordados na Concertação Social para 2024. Mas como contrapartida exigem medidas que permitam criar mais riqueza. Pedem alívio fiscal.
“Estivemos a trabalhar em medidas muito concretas que sendo concretizadas podem permitir aumentar os salários a um nível superior ao que está previsto no acordo de rendimentos (4,8% em 2024)”, disse Armindo Monteiro.
E essas medidas concretas passam, necessariamente, por uma reforma do sistema fiscal porque “estamos com impostos de rico num país de pobres”, comentou Armindo Monteiro à saída da reunião da CIP com os responsáveis das pastas do Trabalho, das Finanças e da Economia, em que também participou a central sindical UGT.
Em matéria fiscal resumiu, assim, o objetivo da CIP: “Portugal vai ter de optar entre pôr mais dinheiro nos cofres do Estado ou pôr mais dinheiro nos bolsos dos portugueses. As nossas medidas vão no sentido de pôr mais dinheiro no bolso dos portugueses”.
O “Pacto Social” apresentado pela CIP engloba um conjunto de 30 medidas em áreas como a fiscalidade, os rendimentos a segurança social, a habitação ou a saúde. É uma proposta assente nos pilares do crescimento, do rendimento e da simplificação e que poderá ter já alguma influência no próximo Orçamento de Estado, mas vai mais além.
“Temos medidas pensadas para um horizonte de cinco a 10 anos. O alcance do pacto vai muito para além deste OE”, comenta ao Expresso fonte da Confederação, confiante, mesmo assim, que “poderá já haver alguma incorporação de propostas neste orçamento”.
“Discutimos as medidas relativas ao crescimento. Faltam agora os outros dois pilares, que passam para a próxima reunião, já acordada entre as partes”, referiu a mesma fonte da direção da confederação, sem adiantar pormenores sobre as propostas em causa, mas considerando “excelente” a presença da UGT na reunião apesar da CGTP ter optado por ficar fora do processo.
“Tudo o que possa ser feito para melhorar o rendimento e os salários das pessoas e a situação das empresas é bom para todos”, afirmou Mário Mourão, secretário-geral da UGT, para explicar a sua presença no encontro, deixando, no entanto, claro que isso não significa que a central sindical esteja de acordo com tudo o que a CIP defende.
Já a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, confirmou que depois de conhecidas as propostas da CIP, o trabalho de discussão do “Pacto Social” vai continuar para identificar medidas que poderão ser já incluídas no OE2024.
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