Economia

Decisão do BCE em setembro está em aberto: "Estamos nas mãos dos dados económicos", diz Christine Lagarde

Christine Lagarde, à chegada ao Fórum BCE, em Sintra.
Christine Lagarde, à chegada ao Fórum BCE, em Sintra.
Horacio Villalobos / Getty Images

“Estamos nas mãos dos dados e da sua avaliação”, sublinhou Christine Lagarde esta quinta-feira. As decisões a tomar pelo BCE nas próximas reuniões depende totalmente da evolução da informação económica em todos os aspetos “e não de um só em especifico”, acrescentou a presidente do banco do euro

O Banco Central Europeu (BCE) cumpriu na reunião desta quarta-feira a subida de 25 pontos-base que tinha prometido, mas, quanto ao futuro, tudo está em aberto. “Estamos nas mãos dos dados”, enfatizou a presidente do BCE, Christine Lagarde, na conferência de imprensa desta quinta-feira que se seguiu à divulgação da decisão que foi tomada por unanimidade.

As decisões a tomar a 14 de setembro e nas reuniões seguintes estão totalmente dependentes dos desenvolvimentos na área económica. “Vamos olhar para todos os dados, e não só para um em específico”, frisou a presidente do BCE. O que significa que a orientação volta a ser decidir reunião a reunião com base na informação económica e financeira disponível.

Não há antecipação do sentido de voto. “Tanto pode ser uma subida dos juros como uma pausa”, referiu, deixando totalmente em aberto a decisão, incluindo uma opção de paragem da subida dos juros. “Uma coisa é certa, não vamos cortar nos juros”, logo acrescentou. Esse é o único cenário que está afastado.

O ónus da prova, a nova frase-chave

Usando uma linguagem jurídica, a que Lagarde não é alheia, por formação e profissão, “o ónus da prova são os dados”, enfatizou a presidente do BCE, pegando nessa expressão usada por alguns jornalistas na conferência de imprensa. A frase, surgida de surpresa, parece ir passar a ser fundamental na comunicação da presidente.

A alteração de postura sobre o futuro assumida nesta reunião de junho fica clara quando a própria Christine Lagarde confirma a remoção de duas frases-chave que até aqui eram sintomáticas da posição oficial do BCE.

A presidente não repetiu agora o que dissera em junho, quando exclamou que “não estamos a pensar em fazer uma pausa”. E, também limpou do discurso oficial a frase de que “há mais terreno para cobrir”, uma expressão que indiciava que as subidas dos juros eram certas. “Neste momento, eu não repetiria que há mais terreno para cobrir, Tudo vai depender dos dados”, acentuou.

A decisão unânime em torno de mais uma subida de 25 pontos-base nesta reunião em julho pode ter por detrás o compromisso em eliminar do discurso oficial a inevitabilidade de mais subidas. “Deliberadamente, tudo vai depender dos dados. Temos a mente aberta. As decisões até podem variar de uma reunião para outra”, concluiu Lagarde.

Outro sinal de moderação do discurso surgiu, logo, no comunicado oficial e a presidente do BCE não deixou de o sublinhar no encontro com os jornalistas. O comunicado refere que os juros “serão fixados em níveis suficientemente restritivos durante o tempo que for necessário”. Em junho, e antes, o verbo era outro: “serão trazidos …”. Lagarde enfatizou a mudança de “fixados” para “trazidos”: “A pequena mudança de um verbo não é apenas aleatória ou irrelevante”.

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