Economia

"Aproximamo-nos do ponto máximo de subida das taxas de juro", diz Mário Centeno

"Aproximamo-nos do ponto máximo de subida das taxas de juro", diz Mário Centeno
TIAGO MIRANDA

O Governador do Banco de Portugal afirma que em junho ou julho a subida das taxas de juro poderá parar, mas adverte que, até que comecem a baixar, demorará um longo período de tempo

“Podemos estar a aproximar-nos de um momento em que a política monetária está no ponto máximo de subida, mas isso não quer dizer que as taxas comecem logo a descer, vão manter-se durante algum”, diz Mário Centeno, na apresentação do mais recente relatório de estabilidade financeira.

Quando não antecipa ao certo, mas o Governador dá a sua expectativa: "Poderão descer em algum momento em 2024". Para dizer também que a travagem da subida dos juros trará algum conforto no final de 2024 ou mesmo 2025 aproximando-se do nível desejável, ou seja no patamar dos 2%.

Portugal vai continuar a ter taxas acima dos 2% por mais algum tempo e portanto "não podemos olhar para isto com complacência, mas como havendo uma maior previsibilidade".

Um dos pontos importantes para a estabilidade financeira é também o emprego, e ele “continua a subir, lembra o Governador, citando dados do Instituto Nacional de Estatística e da Segurança Social, que apontam para ”mais 5% de portugueses trabalhadores do que existiam no ano passado". Positivo é também o aumento da população ativa. "Os números de contratos novos aumentaram de 600 mil no último trimestre de 2021 para 650 mil no primeiro trimestre deste ano”, cita o Governador.


Não há incumprimentos à vista

No que diz respeito ao aumento das taxas de juro no crédito à habitação e aos receios de eventuais incumprimentos, Centeno desdramatiza: “Não há sinais visíveis de incumprimento”. Contudo, nos primeiros meses do ano, pelo que se vai sabendo, os bancos estão a aumentar imparidades e provisões, o que traduz alguma prudência.

Apesar das subidas de taxas indexadas à Euribor terem sido bruscas, feita a avaliação sobre a política monetária, a verdade é que o BCE teve de "atuar quase à bruta", não dando tempo aos agentes económicos, o que, afirma "é sempre indesejável". A preocupação existente é mais sobre a rapidez da subida, conclui.

Os montantes do crédito à habitação amortizados aumentaram, mas quanto às renegociações ainda não há números, nem em relação ao retorno ao regime bonificado, cujos contornos estão na ser acertados com os bancos e as Finanças de Fernando Medina.

Mesmo assim, Centeno afirma que, estando o Banco de Portugal fora desse acordo, que funciona como um apoio do Governo para determinadas famílias com condições, "os regimes bonificados têm, do ponto de vista analítico, custos e levantam-nos as maiores dúvidas, numa economia de mercado com politicas públicas que tendem a combater falhas de mercado".

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