Ler ou não ler a deliberação que despediu a líder executiva da TAP, eis a questão que animou a Comissão de Inquérito
Antonio Pedro Ferreira
Jaime Andrez apresentou-se na Comissão Parlamentar de Inquérito da TAP munido da deliberação que foi votada na assembleia geral que destituiu a presidente executiva da companhia, Christine Ourmières-Widener, e o presidente do conselho de administração, Manuel Beja, um documento de 12 páginas que o PSD quis que o presidente da Parpública lesse
Foram longos minutos a discutir se valia a pena ler um documento de 12 páginas, que exasperaram uns, animaram outros. É um dos mais relevantes da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, mas uns queriam já a sua leitura completa, outros consideravam-na ineficaz. Tudo se discutiu e, no fim, o documento ficou nas mãos do presidente da CPI, mas sem que ninguém mais o lesse. Pelo menos por agora.
O documento que Jaime Andrez levou para sua audição na Comissão Parlamentar de Inquérito da TAP é a deliberação que foi votada na assembleia geral que destituiu a presidente executiva da companhia, Christine Ourmières-Widener, e o presidente do conselho de administração, Manuel Beja.
É de grande relevância, num momento em que a discussão é sobre a inexistência de um parecer jurídico que sustente a deliberação de despedimento por "justa causa" dos dois ex-presidentes da TAP. Essa inexistência foi confirmada por Fernando Medina, numa audição da Comissão de Orçamento e Finanças, enquanto Andrez falava na CPI da TAP. Medina diz que é o relatório da Inspeção-Geral de Finanças, que concluiu pela ilegalidade da saída de Alexandra Reis da TAP, num acordo assinado pelos líderes da transportadora aérea.
Antonio Pedro Ferreira
12 páginas
Na audição, Hugo Carneiro, deputado do PSD, pediu a Jaime Andrez que lesse as 12 páginas. O tema gerou controvérsia entre os deputados e muitos contestaram o tempo que demoraria.
O PS mostrou-se desconfortável com essa possibilidade, dizendo que o documento deveria ser entregue para posterior leitura.
Mas não só o tema da leitura se colocou, como também se debateu a hipótese de o documento ser ou não confidencial.
Antonio Pedro Ferreira
Duas assinaturas
Jaime Andrez assistiu à discussão, mas acabou por avançar que o documento em sua posse não está assinado pelos dois responsáveis, e os dois seriam ele, Jaime Andrez, pela Parpública, e o responsável da Direção-Geral do Tesouro e Finanças. Ambos são acionistas da TAP SGPS e, por isso, ambos tiveram de assinar a destituição dos dois antigos responsáveis da empresa.
Por isso, pediu para não o entregar. “A mim confortava-me dar um documento assinado pelos dois”, insistiu Jaime Andrez. E confessou que o documento "não é suportado por um parecer jurídico". Acabou por reafirmar, ainda: "O documento está completo, mas conforta-me entregar um documento assinado pelos dois".
Os deputados discordaram desse argumento e a decisão final foi que o documento seria entregue ao presidente da CPI, o socialista Jorge Seguro Sanches, pelo menos por agora.
Na reunião de mesa e coordenadores que tem lugar esta sexta-feira, dia 21, os deputados irão decidir como tratar do documento (como se esperam pela entrega da deliberação assinada pelos dois acionistas para a sua divulgação pelos restantes deputados).
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