Em 10 anos e com duas crises pelo meio — a de 2013, que levou à intervenção da troika, e a atual, alavancada pela escalada da inflação iniciada em 2022 —, os presidentes executivos (CEO) das empresas cotadas no índice PSI (antigo PSI20) viram as suas remunerações aumentar 47%. Já o vencimento médio bruto anual dos trabalhadores recuou 0,7% no mesmo período. Contas feitas, entre 2012 e 2022 o fosso salarial (pay gap) entre as remunerações dos CEO das empresas cotadas e o vencimento médio bruto anual dos funcionários que empregam acentuou-se. Se em 2012 os líderes destas empresas ganhavam, em média, 20 vezes mais do que os seus trabalhadores, no ano passado auferiram 36 vezes mais. E há mesmo casos em que o salário de 186 trabalhadores não chega para pagar o do seu CEO.
O Expresso analisou os relatórios e contas de 14 das 15 empresas que atualmente integram o índice principal da bolsa portuguesa para um balanço do fosso salarial entre líderes e trabalhadores. De fora desta análise ficou a Semapa, que ainda não tornou público o relatório agregado de 2022 e que, apesar de contactada, não forneceu os indicadores necessários. Os dados recolhidos mostram que no ano passado — considerando as componentes fixa e variável, mas excluindo complementos de reforma e outros benefícios em vigor — a remuneração média bruta anual dos CEO das organizações cotadas estava próxima de €1,4 milhões. No total, contabilizando de forma agregada as remunerações dos presidentes executivos das empresas que foi possível analisar, as cotadas pagaram aos seus líderes mais de €17,5 milhões em 2022. O valor corresponde a um aumento de 47% face à remuneração bruta anual apurada em 2012.
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