Eram cinco os candidatos que podiam avançar com propostas vinculativas para a compra de uma posição de 71,73% da Efacec: dois grupos industriais portugueses, o consórcio Visabeira/Sodecia e a Mota-Engil, e três fundos de ‘private equity’, a portuguesa Oxy e os estrangeiros Mutaris Ibéria e Oaktree.
O prazo para a entrega das propostas terminou esta segunda-feira. O grupo Mota Engil - noticiou o Eco e o Expresso confirmou -, acabou por desistir e não vai avançar com uma proposta vinculativa. A construtora liderada por Carlos Mota Santos estava interessada apenas no negócio de mobilidade da Efacec. Já a Visabeira e a Sodécia, que se chegou a admitir iriam ficar pelo caminho, deverão avançar, soube o Expresso.
Concluído o prazo de entrega, a Parpública irá fazer seguir para o governo a lista com os candidatos que fizeram uma proposta melhorada, e com uma hierarquização das ofertas. A decisão será tomada em Conselho de Ministros. A Parpública não quer fazer para já qualquer comentário.
O Expresso sabe que tem havido um intenso contacto de bastidores entre os advogados dos candidatos, e que as ofertas têm modelos distintos- a Mutaris, por exemplo, deverá fazer uma oferta por toda a empresa. Segundo o Eco as diferenças face às propostas iniciais e as atuais não deverão ser muito significativas.
Contas degradas, Estado a financiar
Apesar da situação difícil em que se encontra a empresa, a Efacec continua a beneficiar da forte procura que se sente no mercado mundial. Enquanto o processo de privatização não se conclui, as contas da empresa vão-se degradando a ritmo acelerado.
As contas de 2022 ainda não foram publicadas, mas segundo o Eco, o EBITDA (meios operacionais) da Efacec foi negativo em 90,6 milhões em 2022, mais do dobro dos €38,9 milhões negativos registados em 2021. Isto com as receitas a recuar de 224,3 milhões em 2021 para 182,9 milhões em 2022. Bem longe dos cerca de 400 milhões de receitas que a companhia tinha em 2019.
A Efacec tem ainda uma situação líquida negativa de €52 milhões, um valor que só não é mais elevado porque há um crédito fiscal por reporte de prejuízos passados. A carteira de encomendas continua a cair em todas as unidades com, com exceção do ambiente. Já a dívida global da Efacec continuou a subir em 2002, aumentou mais de 74 milhões de euros em resultado de empréstimos do próprio Estado, enquanto acionista.
Citando o que diz a gestão da Efacec no relatório e contas do ano passado, que ainda não é público, é referenciado que o objetivo de "colmatar as necessidades de financiamento de tesouraria da empresa ao longo de 2022, e com vista à realização da operação de reprivatização em curso, foram contraídos dois empréstimos junto do acionista Parpública no valor total de 70,5 milhões de euros: €50 milhões no primeiro semestre e €20,5 milhões no segundo semestre“.
O silêncio sobre a Efacec por parte do governo e da Parpública tem sido grande nos últimos tempos. Questionados pelo Expresso, nem o Ministério das Finanças, nem o da Economia quiseram confirmar as contas já noticiadas, e só a gestora das participações do Estado respondeu. "A Parpública tem conhecimento e acompanha as contas de todas as suas participadas. Neste momento, as contas da Efacec ainda não foram aprovadas e publicadas", afirmou fonte oficial.
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