Economia

Lagarde garante que o BCE não minimiza as tensões financeiras. Mas confia na solidez da banca da zona euro

Lagarde garante que o BCE não minimiza as tensões financeiras. Mas confia na solidez da banca da zona euro
Wolfgang Rattay/Reuters

A presidente do Banco Central Europeu disse esta segunda-feira aos eurodeputados que o BCE está a monitorizar o que se passa nos mercados financeiros e congratulou-se com a resposta rápida dos supervisores nos Estados Unidos e na Suíça. Sublinhou no Parlamento Europeu que devido a essas tensões recentes, o BCE decidiu deixar em aberto as próximas decisões sobre subida dos juros

“Não estamos a minimizar as tensões financeiras. Mas temos um sector bancário mais forte. Estamos confiantes na robustez do sector na zona euro. Os nossos padrões não são os mesmos do que na Suíça”, garantiu esta segunda-feira Christine Lagarde, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), na audiência na Comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu.

No entanto, admitiu que estes acontecimentos recentes com bancos norte-americanos e com o Crédit Suisse introduziram um elemento de incerteza que levou o próprio conselho do BCE a optar na reunião da passada semana por não avançar com qualquer antecipação ou indicação sobre as decisões que serão tomadas quanto aos juros nas próximas reuniões de política monetária.

Recorde-se que, na reunião de 16 de março, em plena turbulência financeira, o BCE decidiu cumprir com a subida de 50 pontos-base (meio ponto percentual) que tinha antecipado. Mas não se comprometeu com qualquer próxima subida de juros, deixando em aberto a decisão a ser tomada em função dos dados disponíveis, nomeadamente para a reunião que se segue a 4 de maio.

Lagarde congratulou-se com as decisões “rápidas" tomadas nos Estados Unidos face à falência dos bancos e com a intervenção das autoridades suíças nos últimos dias que levaram à aquisição pela UBS do Crédit Suisse. A intervenção na banca helvética parece ter acalmado as bolsas europeias e em Nova Iorque esta segunda-feira. Depois de uma abertura no vermelho nas bolsas europeias, os índices estão a fechar no verde a sessão de segunda-feira. Nos EUA, Wall Street regista ganhos, mas o Nasdaq está ligeiramente no vermelho na sessão desta manhã.

A presidente do BCE repetiu aos eurodeputados que o BCE acompanha a situação, mas que não faz depender o aperto ou alívio da política monetária da situação nos mercados financeiros. “Não há dilema”, votou a frisar depois desse ter sido o tom introduzido na conferência de imprensa da semana passada em Frankfurt após a reunião em que o conselho, por larga maioria, decidiu cumprir com a subida de meio ponto percentual nos juros. Não há dilema entre subir os juros para combater o surto inflacionista e atacar as tensões financeiras, no caso de isso ser necessário, diz Lagarde aos eurodeputados. O BCE tem instrumentos diferentes para lidar com ambas as situações.

Em resposta ao eurodeputado português Pedro Silva Pereira (do Partido Socialista), que interrogou Lagarde sobre a solidez das decisões do BCE tomadas com base em previsões que, depois, se verificam erradas, a francesa argumentou que. nesta reunião a 16 de março, o conselho tomou uma decisão prudente em relação às próximas reuniões. “Não indicámos quaisquer decisões subsequentes a março”, recordou a presidente do BCE. Ao contrário do que o conselho havia feito a 2 de fevereiro, antecipando que repetiria a dose de um aumento robusto de meio ponto percentual. A mesma linha de argumentação seria seguida em resposta a perguntas da eurodeputada portuguesa Margarida Marques /também do Partido Socialista). O BCE dispõe de linhas de financiamento para garantir a liquidez do sector bancário da zona euro, em caso de necessidade, recordo Lagarde, que acrescentou: “O que temos em ação parece-nos suficiente. Mas se for necessário, usaremos outros instrumentos”. Ainda em resposta à eurodeputada concordou que são urgentes avanços nas uniões bancária e de capitais na União Europeia. Completar esses objetivos reforçaria a solidez dos mercados financeiros europeus.

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