Economia

"Devia ser motivo de satisfação ter bancos saudáveis e rentáveis", diz Vítor Bento aos deputados

"Devia ser motivo de satisfação ter bancos saudáveis e rentáveis", diz Vítor Bento aos deputados
NUNO BOTELHO

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Vítor Bento foi explicar aos deputados que a associação não tem qualquer poder sobre politica comercial dos bancos, por isso sobre a remuneração dos depósitos só os bancos podem dar explicações e que é bom que os bancos tenham lucros e sejam rentáveis para ajudar a economia e as famílias

Vítor Bento foi ao Parlamento falar do crédito à habitação e de como estão a ser as renegociações e da desejada subida de juros nos depósitos que os bancos tardam a pagar, .

Sobre as remunerações dos depósitos a prazo não pode nem deve ter interferência, disse esta terça-feira. No que diz respeito à renegociação dos créditos à habitação diz que tudo está a ser feito.

"Os bancos são os primeiros a ter interesse que os clientes cumpram" por isso Vítor Bento é assertivo: "tudo estão a fazer para facilitar a vida aos clientes". Alerta contudo que não depende só dos bancos: "as renegociações também dependem da adesão dos clientes".

Insistindo por diversas vezes na mesma tecla: “é do interesse dos bancos que os seus clientes tenham as maiores possibilidades de cumprir as suas obrigações creditícias”.

O presidente da APB afirmou ainda, para contrariar uma espécie de sentimento critico sobre os lucros dos bancos, que a "banca procura o lucro e não vejo nenhuma situação de ilegitimidade dos lucros, nem excesso de lucros".

Confessa com surpresa perante os deputados que "julgava que devia ser um motivo de satisfação da sociedade que os bancos sejam rentáveis e consigam remunerar o seu capital". E, explica porquê: "primeiro porque se forem rentáveis podem continuar a sua atividade; segundo se o forem não imporão quaisquer custos à sociedade por causa disso e terceiro porque terão capacidade de captar capital para continuar a crescer e ajudar a economia".

Tudo para dizer que é preferível ser rentável a ter de ser auxiliado, alertando contudo que apesar dos lucros nem todos os bancos têm níveis de rentabilidade superiores ao custo de capital, embora existam melhorias.

O presidente da APB foi ouvido na Comissão de Orçamento e Finanças (COF), no âmbito de um requerimento do grupo parlamentar do PSD sobre a atuação do setor bancário na comercialização ou pedidos de renegociação de crédito à habitação e o desajustamento dos juros nos depósitos a prazo em face das condições de mercado.

Só bancos podem dar respostas sobre depósitos

Sobre os depósitos e a expectável subida da sua remuneração por causa das subida dos juros no crédito, refere que não faz parte da politica comercial da associação ter voto na matéria e que "cada um dos bancos e só eles podem responder pela remuneração nos depósitos a prazo".

Acrescenta: "A APB não pode nem deve ter qualquer interferência na politica de preços". Sendo o sistema concorrencial esta elimina todos os excessos do mercado.

17 mil renegociações de crédito

Sobre a dimensão das renegociações no crédito à habitação, Vítor Bento contabilizou o número de renegociações com base no que foram dizendo os bancos nas suas apresentações de resultados, referindo que ascendem a 17 mil contratos.

Admite o facto de algumas renegociações de crédito à habitação poderem correr menos bem, como referiram alguns deputados, mas rejeita que isso seja a normalidade. "É provável que possam correl mal alguns casos mas são casos limitados", para acrescentar que "quando os bancos negoceiam um crédito não devem negociar mais nada (refere-se a outros produtos)", sublinhando que a acontecer situações como esta trata-se de "uma anormalidade, não é a generalidade".

Depois de um deputado lhe ter chamado insensível face à realidade das famílias, devolveu: "Não é verdade que os resultados que os bancos tiveram em 2022 fossem num cenário de gravidade social do resto da economia. O que os dados mostram é que o ano correu bem para todos os sectores. O PIB cresceu, o rendimento das familias cresceu e o consumo aumentou cerca de 6% , isto não é um sinal de dificuldade, o que não exclui que possa haver dificuldades, mas a realidade é esta".

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