Economia

CTT "vão deixar de vender raspadinhas", diz João Galamba

CTT "vão deixar de vender raspadinhas", diz João Galamba

Seguindo uma proposta do Livre, os CTT “vão deixar de vender raspadinhas”. O ministro das Infraestruturas falava no Parlamento, no âmbito de uma proposta de lei sobre os critérios de aplicação e distribuição dos custos de regulação do setor postal

O ministro das Infraestruturas anunciou esta sexta-feira que os CTT "vão deixar de vender raspadinhas", uma medida que vai ao encontro da proposta do Livre, e teceu elogios à atual gestão da empresa liderada por João Bento.

João Galamba falava no parlamento, no âmbito de uma proposta de lei sobre os critérios de aplicação e distribuição dos custos de regulação do setor postal.

"Por exemplo, os CTT vão - não sei se é uma novidade - deixar de vender raspadinhas", afirmou o governante, referindo que esta decisão vai ao encontro "da preocupação" dos deputados do Livre Rui Tavares e do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Mortágua.

Portanto, "a gestão da atual administração dos CTT vai deixar de usar a rede dos CTT para vender raspadinhas e vai-se dedicar precisamente àquilo que o senhor deputado Rui Tavares disse que gostava que os CTT fizessem, que o Governo também gostaria que os CTT fizessem e a boa notícia é que a atual administração dos CTT tem a mesma visão", sublinhou João Galamba.

Durante o debate, Rui Tavares tinha questionado se "era compatível" com o serviço público prestado pelos CTT "o fomento de um vício que em Portugal", comparativamente aos congéneres, é bastante mais acentuado e mais grave e com impacto social regressivo sobre os mais pobres nas próprias estações de correio.

Por isso, o Livre apresentou uma proposta para acabar com as raspadinhas.

Ou seja, "um entendimento radicalmente diferente daquele que foi aqui identificado, e bem, pela senhora deputada Mariana Mortágua e valorizar exatamente esta capilaridade e a rede dos CTT, serviços de proximidade em articulação com as populações, com as câmaras municipais, com as empresas locais, para valorizar a capilaridade como uma rede de proximidade exatamente nos termos defendidos, e bem" por Rui Tavares, prosseguiu o ministro das Infraestruturas.

Na sua intervenção, João Galamba sublinhou que a "política da atual administração dos CTT é aquela que parece ir ao encontro dos anseios do Bloco de Esquerda e do PCP e já agora" de Rui Tavares, salientou, ou seja, um "olhar de forma completamente diferente da rede agências, que está presente em todos os 308 municípios, tem 569 lojas próprias e quase 1.800 postos de correios geridos" e que comercializam produtos e serviços dos CTT.

João Galamba admitiu que existem problemas, tal como os que foram identificados pelo deputado comunista Bruno Dias, e defendeu que é preciso "corrigir a questão dos atrasos, mas afastou qualquer cenário da reversão da privatização.

"Não me parece o mais correto (...) que uma mera reversão da privatização resolva automaticamente a questão", disse, sublinhando que "uma gestão diferente e uma regulação mais exigente e um cuidado da parte do Governo de orientar mais os CTT para o serviço público tem demonstrado que é possível".

Em vez de "nos fixarmos em opções ideológicas, nós fixamo-nos mesmo nos serviços prestados à população, na capilaridade da rede e de uma mudança de gestão e de uma filosofia dos CTT, parece-nos que isso é o mais importante, não fixações ideológicas, mas sim a resolução concreta dos problemas das populações e é isso que está em curso e isso deixa obviamente o Governo agradado", rematou.

Relativamente às questões levantadas pelo BE e PCP sobre a privatização, João Galamba admitiu que "a decisão, na altura, não foi a melhor e, de facto, não acautelou os interesses das populações e dos territórios", mas apontou que "importa não cair no erro do PCP e do Bloco de Esquerda" para quem tem "um martelo todos os problemas são um prego".

"A decisão de privatizar não foi a melhor decisão, temos muitas dúvidas que a decisão de reverter a privatização hoje seja a melhor decisão", insistiu.

Ora, a gestão dos CTT "mudou e não sei se é uma novidade para os deputados do Bloco de Esquerda, do PCP e não sei se é uma novidade também para o senhor deputado Rui Tavares, mas ao contrário da gestão anterior, a gestão atual dos CTT, num diálogo construtivo com o Governo, e no âmbito do novo contrato de concessão, decidiu reverter a anterior política de encerramento de todas as agências ou de muitas agências no país", sublinhou João Galamba.

A política "da atual administração dos CTT é aquela que parece ir ao encontro dos anseios" do BE, PCP e Livre, acrescentou.

O ministro exortou ainda o parlamento que "aprove com brevidade possível" a proposta de lei n.º 53 do Governo, que foi hoje apreciada e que procede à concretização dos elementos essenciais da taxa associada à prestação de serviços postais.

Além dos CTT, que têm a concessão do serviço postal universal, atuam no mercado português prestadores de serviços postais que contribuem para as taxas de regulação, as quais dotam a Autoridade Nacional de Comunicação (Aacom) de meios efetivos para fiscalizar e regular o mercado postal.

"A fórmula de cálculo foi estabelecida em 2013 numa portaria que fixa as várias taxas devidas à Anacom, incluindo as taxas anuais relacionadas com o exercício da atividade de fornecedor de serviços postais", mas em 17 de fevereiro de 2023 o acórdão n.º 152 do Tribunal Constitucional (TC) julgou inconstitucionais, por violação das normas que estabelecem a reserva legislativa da Assembleia da República, as normas constantes da portaria que determina as taxas que são devidas à entidade reguladora do serviço postal", recordou João Galamba.

Atendendo ao impacto que a decisão do TC "poderá ter ao nível da cobrança das taxas de regulação do setor postal é necessário que se proceda a uma alteração da lei, transpondo os critérios que antes constavam da referida portaria para esta lei, cessando dessa forma o vício formal" identificado, prosseguiu.

Assim, esta proposta de lei "destina-se essencialmente a alterar a lei postal de modo a incluir, no respetivo artigo 44.º relativo às taxas, as normas de incidência objetiva relativas à forma de cálculo da taxa de regulação que atualmente se encontram vertidas no anexo 9 da portaria, sem alteração material do seu conteúdo", explicou João Galamba.

Desta forma, "ficam os critérios de imputação e de distribuição dos custos de regulação do setor postal definidos através de lei e não de portaria" e "confere-se uma maior segurança jurídica à cobrança desta receita de regulação setorial, tendo em conta que com esta proposta não se altera o conteúdo material que constava da portaria", designadamente a fórmula de cálculo da taxa de regulação.

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