Economia

Banca propõe aumentos de 2,5%: "desplante" e "sem vergonha", respondem os sindicatos

Banca propõe aumentos de 2,5%: "desplante" e "sem vergonha", respondem os sindicatos
Mathieu Stern/unsplash

Os sindicatos afetos à UGT pediram aos bancos uma atualização salarial de 8,5% para 2023. Banca responde com 2,5%

Banca propõe aumentos de 2,5%: "desplante" e "sem vergonha", respondem os sindicatos

Isabel Vicente

Jornalista

Os sindicatos afetos à UGT acusam os bancos de não ter vergonha nas contraproposta que fizeram para a atualização salarial e outras reivindicações pedidas para 2023.

"Apesar dos avultados lucros obtidos, as instituições de crédito subscritoras do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) tiveram o desplante de responder aos sindicatos com uma proposta de 2,5% de aumento salarial".

Em comunicado, o SBN, o SBC e o Mais Sindicato acrescentam que também "todas reivindicações de clausulado receberam um rotundo “não aceite”.

Para estes sindicatos esta resposta traduz “um desrespeito pelos trabalhadores” e, como tal, não podem aceitá-la.

Tanto mais que os bancos subscritores, como sejam o Santander, BPI, Novo Banco entre outros, reconhecem que “o valor a que chegou a taxa de inflação este ano e mesmo aceitando as previsões para 2023 (5,7% segundo o FMI e de 6,1% pela CE), as instituições de crédito subscritoras da ACT ficam-se por 2,5% de aumento para os trabalhadores, um valor que não compensa sequer a inflação prevista – muito menos a perda de rendimentos”, dizem os sindicatos.

Bancos apelam a prudência

Segundo os três sindicatos afetos à UGT, na fundamentação que acompanha a resposta aos sindicatos, os bancos também reconhecem que “o setor bancário português registou, em 2021-22, uma evolução positiva”. Porém, “enumeram um conjunto de fatores que, defendem, farão das instituições de crédito empresas em grande risco". E por isso mesmo ”ditam uma postura muito prudente por parte dos bancos, designadamente no que respeita às revisões salariais”.

Os sindicatos recusam a argumentação e afirmam que, “como sempre, são os trabalhadores que devem sofrer, já por antecipação, alguma eventual perda de lucros”. “Numa linguagem despojada, os portugueses chamam a isso sem vergonha”, afirmam.

Aumentos de 2021 e 2022 seriam compensados


Recorde-se que na propostas destes sindicatos a reivindicação para 2023 foi um aumento de 8,5% nas tabelas salariais e cláusulas de expressão pecuniária, recordando que no processo negocial de 2021 e 2022 as atualizações foram de 0,5% e 1,1%, respetivamente, mas havia a intenção de estes valores "serem compensados em 2023.

A essa perda de poder de compra, dizem, "soma-se ainda a inflação de 2022, que ultrapassou todas as previsões e deixou trabalhadores e reformados bancários em situação muito difícil".

Estas, são as “razões mais do que suficientes para os sindicatos rejeitarem liminarmente a pretensão da banca”.

As cerca de 40 propostas apresentadas pelos sindicatos relativamente a outros temas foram rejeitadas liminarmente. Segundo os sindicatos, "as justificações dividem-se essencialmente em dois tipos: porque implicam um aumento de encargos que não querem assumir, ou acarretam uma “limitação à margem de gestão” de que não abrem mão".

Os bancos, referem os sindicatos em comunicado, afirmam que "a regulamentação é adequada”.


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