Economia

Prestação média da casa deve aumentar mais de 90 euros até ao final do próximo ano

Prestação média da casa deve aumentar mais de 90 euros até ao final do próximo ano

Devido à elevada inflação e à subida dos juros, até dezembro de 2023 a prestação média da casa deverá aumentar 92 euros (mais de 30%), indicou o Banco de Portugal

Com os juros a subir e uma elevada inflação que teima em não diminuir, a prestação das casas ressente-se e tem ficado cada vez mais cara. Até ao final do próximo ano, deverá aumentar mais de 90 euros, indicou o Banco de Portugal no seu Relatório de Estabilidade.

“O valor médio em dívida dos particulares, de cerca de 64 mil euros, traduz-se numa prestação média estimada de 279 euros em junho de 2022. Espera-se que esta aumente 92 euros até ao final de 2023”, lê-se no relatório do banco central. Tal aumento equivale a uma subida de 32,9% da prestação média.

De notar que, com a subida dos juros, a percentagem da prestação que se destina ao pagamento dos juros tem vindo a aumentar e, por outro lado, a que se destina ao pagamento da casa a diminuir.

No total, a instituição liderada por Mário Centeno estima que o valor acumulado das prestações passe de 390 milhões de euros em junho deste ano, para 520 milhões em dezembro de 2023.

O banco nota ainda que para 41% dos contratos de empréstimos à habitação o aumento da prestação entre junho de 2022 e dezembro de 2023 deverá ser inferior a 50 euros e que apenas ocorrem aumentos superiores a 150 euros para 18,1% dos contratos.

Risco de incumprimento

Todo este ‘bolo’ aumenta o risco de incumprimento das famílias. Segundo o BdP, em Portugal, a proporção de empréstimos à habitação com taxa variável é de cerca de 90%. São estes empréstimos os atingidos pela subida dos juros, especialmente se considerarmos os empréstimos que foram contratados após 2014 (altura em que as taxas de juro passaram a terreno negativo).

"Estima-se que em dezembro de 2023 11% dos contratos de crédito à habitação passarão a ter um rácio entre a prestação e o rendimento (LSTI, loan service-to-income) superior a 40% (5% em junho de 2022). Adicionalmente, a subida da inflação poderá levar a uma estagnação do rendimento disponível real dos particulares em 2022 e 2023, o que, conjugado com maiores encargos com a dívida, pode condicionar o nível de consumo real", lê-se no relatório.

No entanto, há fatores que mitigam o risco de incumprimento, especialmente em comparação com a última grande crise, da dívida soberana (2011): a redução do rácio de endividamento dos particulares; a concentração do crédito à habitação em famílias de rendimentos mais elevados; a melhoria do perfil de risco dos novos mutuários; a situação de escassez de mão-de-obra tenderá a limitar o aumento do desemprego; a acumulação de depósitos durante a pandemia; e a adoção de medidas de apoio às famílias por parte do Governo.

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