Primeiro, um telefonema. Estávamos em 2016 e Carlos Costa, então governador do Banco de Portugal, falou ao telefone com o primeiro-ministro, António Costa, de quem diz ter ouvido que “não se pode tratar mal a filha de um Presidente de um país amigo”, como forma de pressão para não afastar Isabel dos Santos da administração do Banco BIC. A citação é feita pelo próprio Carlos Costa, e negada por António Costa.
Depois, uma mensagem escrita. Em 2022, António Costa enviou-a ao antigo governador para contestar a divulgação daquela chamada com seis anos. Mais uma vez, é Carlos Costa quem conta a história: “o primeiro-ministro enviou-me uma mensagem escrita em que reconhece que me contactou para transmitir a inoportunidade do afastamento de Isabel dos Santos. Ou seja, é o próprio primeiro-ministro a confirmar uma tentativa de intromissão do poder político junto do Banco de Portugal”.
O homem que entre 2010 e 2020 foi o líder do Banco de Portugal defende que esta mensagem enviada há semanas foi a prova da interferência política por parte de António Costa em 2016.
Os dois momentos ocorreram na sequência da publicação do livro “O Governador”, escrito por Luís Rosa, em que Carlos Costa deixa memórias sobre os dez anos em que se sentou no supervisor e no Conselho do BCE (Banco Central Europeu).
Não é a primeira vez na história da banca em Portugal que há uma SMS causadora de celeuma política, mas já lá vamos.
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