Economia

Carlos Costa recebeu SMS de António Costa: "É o primeiro-ministro a confirmar a tentativa de intromissão junto do Banco de Portugal"

Carlos Costa recebeu SMS de António Costa: "É o primeiro-ministro a confirmar a tentativa de intromissão junto do Banco de Portugal"
Antonio Pedro Ferreira

Carlos Costa reitera que primeiro-ministro o pressionou em 2016, e considera que sms enviada na semana passada o confirma. Foi a ideia forte do seu discurso no lançamento das suas memórias

O governador do Banco de Portugal entre 2010 e 2020 considera que António Costa tentou interferir numa decisão do Banco de Portugal (o afastamento de Isabel dos Santos da administração do Banco BIC, em 2016). Aliás, Carlos Costa diz mesmo que é o primeiro-ministro a confirmá-lo.

“É o próprio primeiro-ministro a confirmar a tentativa de intromissão do poder político junto do Banco de Portugal”, declarou Carlos Costa na apresentação do livro “O Governador”, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, em que deixou as suas memórias sobre os dez anos na autoridade bancária, uma apresentação que teve lugar esta terça-feira, 15 de novembro.

Na semana passada, após a pré-publicação de um capítulo do novo livro no Observador, António Costa enviou uma mensagem a Carlos Costa, dando conta da “inoportunidade” de afastar Isabel dos Santos na altura. “Acrescento que esta semana, no mesmo dia em que anunciava um processo, o senhor primeiro-ministro enviou uma mensagem escrita em que reconhece a inoportunidade do afastamento da Sra. Engenheira”, atirou Carlos Costa.

Esse SMS, diz o antigo governador, acaba por confirmar a intenção da interferência política de que fala no livro.

Segundo as suas memórias, o primeiro-ministro telefonou ao então governador em 2016 dizendo que “não se pode tratar mal a filha de um Presidente de um país amigo de Portugal” – uma tentativa de pressão, entendeu o então governador, para não afastá-la da administração do Banco BIC, como pretendia.

Na sua apresentação, Carlos Costa reiterou que esta afirmação lhe foi proferida por António Costa naquele ano, mesmo depois de o primeiro-ministro ter refutado tê-la dito e de, por causa disso, o ter ameaçado com um processo judicial.

A história relatada por Carlos Costa na apresentação do livro “O Governador” é a que foi já contada pelo jornal Observador esta terça-feira.

Conclusões: “Cabe a cada um fazer o seu juízo”, deixou Carlos Costa.

Este foi um dos pontos que o antigo governador deixou no seu discurso de terça-feira, em que defendeu partilhar as suas memórias sobre os dez anos do supervisor por escrutínio: “decidi fazê-lo porque considero que era meu dever contribuir para o escrutínio dos dez anos me que tive o privilégio de liderar o Banco de Portugal”.

“Insere-se numa prática de prestação de contas que é comum nos países do norte da Europa, e que já teve notáveis precedentes”, declarou, mencionando os exemplos de quem foi o mais alto chefe de Estado em Portugal: Jorge Sampaio e Aníbal Cavaco Silva.

O governador do supervisor entre 2010 e 2020 disse que este livro iria “contribuir para o reforço do respeito que merece a instituição Banco de Portugal”. “Estou a contribuir para reforço do respeito que merece o Banco de Portugal”, continuou.

(Notícia atualizada às 19h15 com mais informações)

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