Economia

Corretoras tentam estancar pânico: colapso da FTX varreu 8 mil milhões de euros em bitcoins, ether e stablecoins do mercado

Changpeng Zhao, da Binance
Changpeng Zhao, da Binance
Ramsey Cardy / Web Summit / Spor

Os investidores estão a tirar das grandes plataformas de corretagem vários milhares de milhões de euros em criptoativos durante a semana louca que levou ao colapso da FTX

Fugiram das plataformas de corretagem de criptoativos milhares de milhões de euros na última semana depois do espectacular colapso da exchange FTX e do hedge fund Alameda de Sam Brinkman-Fried. Segundo a Bloomberg, a desconfiança dos investidores com esta queda provocou o levantamento e a liquidação de criptoativos por todo o ecossistema.

A agência noticiosa, citando dados da CryptoQuant, diz que investidores de todo o mundo levantaram, na semana entre 6 e 13 de novembro, 3,7 mil milhões de dólares (cerca de 3,6 mil milhões de euros ao câmbio atual) em Bitcoin, 2,5 mil milhões de dólares (2,4 mil milhões de euros) em Ether, e mais de 2 mil milhões de dólares (1,9 mil milhões de euros) em stablecoins, criptoativos cujo valor está em paridade com um ativo de referência, como o dólar ou o euro.

As plataformas estão a tentar tranquilizar quem as usa, segundo a Reuters: a Crypto.com disse que vão divulgar em breve uma auditoria das reservas que têm no balanço. E o presidente executivo da Binance, Changpeng Zhao, anunciou o lançamento de um fundo para socorrer projetos "cripto" em crise de liquidez.

O fim-de-semana foi rico em desenvolvimentos em torno da FTX. No domingo, fontes avançaram à Reuters que tinham desaparecido entre 1 e 2 mil milhões de dólares da transferência de 10 mil milhões de dólares, ordenada por Bankman-Fried, da FTX para a Alameda.

O Financial Times divulgou também o “balanço” da FTX, uma folha de Excel que, muito provavelmente, terá sido feita pelo próprio Bankman-Fried, mostrando que, a 10 de novembro, quinta-feira fatídica da insolvência da FTX, esta só tinha 900 milhões de dólares em ativos líquidos para cobrir responsabilidades de 9 mil milhões de dólares.

O documento, que foi enviado a investidores numa altura em que Bankman-Fried andava à procura de um resgate depois do fiasco da compra pela Binance, mostra que, entre outros ativos por descortinar, a FTX mantinha 2,2 mil milhões de dólares (2,1 mil milhões de euros) num token chamado Serum, que valia na tarde desta segunda-feira 19 cêntimos de dólar, segundo o FT.

Na folha de Excel ainda se lia um comentário alegadamente do próprio: “Há muitas coisas que gostaria de ter feito de forma diferente, mas as maiores são representadas por estas duas coisas: a má catalogação da contabilização interna do relacionado com a banca, e a dimensão dos levantamentos de clientes durante uma corrida” aos levantamentos.

A FTX, atualmente liderada por John J. Ray III (responsável pela liquidação da Enron, o grande escândalo financeiro do final dos anos 1990), anunciou que um alegado ataque informático poderia ter roubado até 473 milhões de dólares em criptoativos e apelou a que os utilizadores não usassem a página nem a aplicação da plataforma.

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