O administrador do Banco de Portugal Hélder Rosalino defendeu esta quinta-feira a opção do Banco Central Europeu (BCE) de agravar a subida da taxa de juro da zona euro, que tem conduzido ao agravamento das prestações dos créditos à habitação dos portugueses. Era essencial, argumentou.
“Não há alternativa melhor do que esta”, declarou Hélder Rosalino na Money Conference, organizada pelo Diário de Notícias, esta quinta-feira, 10 de novembro, em Lisboa.
“A política monetária está a fazer o seu caminho e a desempenhar o seu papel, como desempenhou quando foi necessário apoiar a economia”, continuou o responsável na sua intervenção, lembrando os anos de juros baixos para estimular a economia na última década. Só que entretanto a inflação está a disparar.
Para o administrador do Banco de Portugal, não há dúvidas: “os efeitos negativos da inflação galopante são mais gravosos do que subir as taxas de juro”. A inflação já superou a fasquia dos 10% na zona euro, e a subida da taxa de juro é a ferramenta tradicional de combate ao agravamento dos preços e é aquela que tem sido utilizada este ano pelo Banco Central Europeu. O Banco de Portugal faz parte do sistema europeu de bancos centrais da zona euro, liderado pelo BCE.
Correção na flexibilidade monetária
A taxa de juro do euro esteve em zero durante anos, tendo sido já elevada até aos 2%. “Com este terceiro aumento, avançou-se consideravelmente na eliminação da acomodação da política monetária”, defendeu. “Grande parte da política monetária acomodatícia está corrigida”, disse o responsável do banco central português, ainda que lembrando que há medidas expansionistas, como a compra de dívida pública, cuja retirada ainda se discute.
Apesar das subidas do juro que já se verificaram, “seguir-se-ão mais aumentos”, frisou Hélder Rosalino, como também já deixou bem claro a presidente do BCE, Christine Lagarde.
“Risco real de correção” no imobiliário
Além do combate à inflação, os bancos centrais têm de estar preocupados com a estabilidade financeira e, neste ponto, haverá impacto da atual situação tanto para as empresas como para as famílias.
Além disso, “há riscos de reavaliações significativas, um risco real de correção de preços”, comentou Hélder Rosalino, apontando para um risco que o Banco de Portugal já vem identificando.
De qualquer forma, no caso português, há notícias positivas no curto prazo, mas é “absolutamente urgente” acelerar a execução do plano de recuperação e resiliência (PRR), defendeu o mesmo responsável.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes