Economia

Sonae e Jerónimo Martins em silêncio sobre imposto aos lucros inesperados da distribuição

Sonae e Jerónimo Martins em silêncio sobre imposto aos lucros inesperados da distribuição
getty

Sector foi apanhado de surpresa pela intervenção do primeiro-ministro na Assembleia da República

O grupo Jerónimo Martins, dono do Pingo Doce, não comenta. A Sonae, proprietária do Continente, remete para a APED - Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição. Foi assim, em silêncio, que o sector recebeu o anúncio de que também seria visado pelo imposto sobre os lucros inesperados.

“Mal termine este debate do Orçamento (OE), espero que a Assembleia da República tenha disponibilidade para discutir a proposta de lei, que tem de estar fora do OE, para a tributação dos lucros inesperados das empresas”, disse o primeiro-ministro esta quarta-feira, numa resposta ao secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, no Parlamento.

“É para aplicar aos lucros de 2022 e não aos lucros de 2023, a proposta de lei que vamos apresentar para a tributação de lucros não esperados do conjunto das empresas que não são só do sector energético, mas são também do sector da distribuição, e que devem pagar aqueles lucros que estão a ter injustificadamente por via desta crise de inflação”, afirmou António Costa.

Sector acreditava estar fora do radar do Governo

Estas declarações apanharam de surpresa o sector que acreditava estar à margem desta tributação. Aliás, fonte ligada à distribuição adianta ao Expresso que a recomendação da Comissão Europeia “só fala do sector da energia, em algo como aumentos de lucros superiores a 20% numa comparação com valores dos últimos quatro anos”. Assim, sustenta, esta declaração de António Costa “parece corresponder a uma inovação portuguesa e absolutamente populista”.

Não foi possível obter uma resposta da APED em tempo útil, mas Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação, já tinha dito ao Expresso que a medida não poderia visar a distribuição.

"As margens na distribuição alimentar em Portugal não aumentaram. Continuam a estar nos 2% a 3%”, garantiu Gonçalo Lobo Xavier em agosto, precisamente numa reação às declarações do primeiro ministro relativamente à possibilidade de lançamento de um imposto extraordinário sobre as empresas que estão a ter ganhos anormais na sequência da guerra.

“A distribuição não está certamente no radar (do governo)”, sustenta o dirigente associativo, certo de que “o sector está a sofrer consequências da inflação galopante, mas Portugal, quando comparado com outros países europeus, até tem conseguido conter mais os aumentos de custos porque não aumenta as margens”.

"As empresas deste sector “estão a tentar que o consumidor sinta o menos possível esse aumento de preços”, afirmou então.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mmcardoso@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas