"Cada falência é uma vitória de Putin", diz o líder da indústria têxtil portuguesa
José Gageiro
“Estamos desapontados com a União Europeia”, assumiu, no Porto, o presidente da Euratex, a mais importante confederação europeia da indústria têxtil. Líder da indústria têxtil nacional também deixou alertas
O presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Mário Jorge Machado, deixou esta quinta-feira mais um alerta sobre como o disparo do preço do gás natural está a pressionar a indústria têxtil: “Cada falência é uma vitória de Putin, que está a usar o gás como arma económica”. E o líder da ATP é acompanhado, nessa preocupação, pelo dirigente máximo da associação têxtil europeia.
"Estamos desapontados com a União Europeia”, disse esta quinta-feira, no Porto, Alberto Paccanelli, presidente da Euratex, a mais importante confederação têxtil da Europa, para deixar claro que os instrumentos de combate à crise ainda são insuficientes para as empresas ultrapassarem as desvantagens do contexto decorrentes da pandemia, da guerra, dos preços das matérias-primas e da energia
Citado pelo jornal da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, o presidente da Euratex aproveitou a abertura da 10º Convenção da confederação, a decorrer em paralelo com o 24º Fórum da Indústria Têxtil Portuguesa, para sublinhar que a resposta a uma crise que envolve maioritariamente elementos exógenos à indústria exige a “união entre todos os agentes europeus do sector”. E exige a aposta na sustentabilidade e circularidade, que são, na prática, o que diferencia esta fileira na Europa.
Já Mário Jorge Machado, presidente da ATP, não tem dúvidas de que as empresas estão a ser confrontadas com as consequências da guerra na Europa, com um cenário de “crise profunda” que vai piorar e pode causar “uma enorme purga nos negócios”.
O empresário e dirigente associativo considera “importante que as associações têxteis e a Euratex tenham canais abertos com o poder político e diz que o sector também tem de se preocupar com um combate “para o qual ainda não têm armas” entre o Ocidente e a China, ou mais propriamente entre os Estados Unidos e a China.
Esse é um conflito que talvez não seja do interesse da fileira na Europa e por isso mesmo, diz, "temos de defender as especificidades do sector europeu”, insistir nelas como um sinete do made in Europe.
“Já mostrámos que somos capazes de ser resilientes enquanto indústria, depois de termos ultrapassado a fase em que nos disseram que íamos desaparecer”, recorda.
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