“Infelizmente há mais medidas generalizadas do que direcionadas por parte da política orçamental. Segundo a avaliação feita, 80% das medidas [dos governos] são generalizadas e só 20% são bem direcionadas”, acusou Christine Lagarde na audição estas segunda-feira na Comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) foi particularmente dura com a orientação geral atual das intervenções dos governos face ao surto inflacionista apoiando as famílias e as empresas.
Lagarde regressou ao Parlamento Europeu para o terceiro “diálogo monetário” este ano com os eurodeputados. A audição anterior realizara-se a 20 de junho antes das decisões tomadas pelo BCE em julho e setembro de aumento das taxas diretoras em 125 pontos-base (50 pontos base em julho e 75 pontos-base em setembro).
Na intervenção de abertura da audição, Lagarde já sublinhara, ao finalizar, que a “política orçamental deve ser temporária e bem direcionada. Isso limitará os riscos de alimentar as pressões inflacionistas”.
Em suma, o risco de expansionismo orçamental, mal direcionado, em resposta aos efeitos do surto inflacionista nas populações e nas empresas, poderá anular os objetivos do aperto monetário que visa encarecer o dinheiro e “enfraquecer a procura”, como referiu a presidente do BCE.
Christine Lagarde antecipa, assim, uma falta de sincronia entre as políticas monetária e orçamental.
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