Economia

Vidreiras avisam que apoios insuficientes aos custos do gás vão condicionar produção para a indústria alimentar

Vidreiras avisam que apoios insuficientes aos custos do gás vão condicionar produção para a indústria alimentar
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“As empresas já usaram os seus últimos recursos", diz a Associação dos Industriais do Vidro de Embalagem. "A manutenção desta situação vai seguramente condicionar o fornecimento de embalagens de vidro para a indústria alimentar e de bebidas”, avisa a associação

O apoio às indústrias intensivas em gás, uma das medidas que tiveram um reforço do Governo na revisão recente no pacote de apoio às empresas, tem um “impacto irrisório” junto das produtoras de vidro e vai "seguramente condicionar o fornecimento de embalagens de vidro para a indústria alimentar e de bebidas”, alerta a AIVE - Associação dos Industriais do Vidro de Embalagem, composta pelas empresas BA Glass, Vidrala e Verallia.

“As empresas já usaram os seus últimos recursos, as que puderam aumentaram preços, as que não puderam gastaram as reservas e o apoio agora anunciado tem um impacto irrisório. A situação é alarmante e os apoios manifestamente insuficientes. A manutenção desta situação vai seguramente condicionar o fornecimento de embalagens de vidro para a indústria alimentar e de bebidas”, considera a associação, em comunicado divulgado esta segunda-feira, 19 de setembro.

As empresas exprimem desconfiança em relação às revisões dos tectos máximos de apoios a estas empresas face aos apoios lançados há perto de seis meses na primeira versão do Programa Apoiar Indústrias Intensivas em Gás, com um apoio que sobe dos 160 milhões de euros para os 235 milhões de euros e que ganha um novo apoio de até 2 milhões de euros para indústrias muito dependentes do gás, como o vidro e as cerâmicas.

“A questão que fica por responder é: afinal, que empresas serão verdadeiramente apoiadas pela dotação anunciada de 235 milhões de euros? E porque é que só agora o Governo português avança com o que a Comissão Europeia lançou em março, tendo optado em abril apenas pela modalidade mais genérica e por um tímido apoio, embora lhe tenha dado a classificação de “Apoio a Indústrias Intensivas em Gás”?", questiona a AIVE.

As empresas aludem ao quadro concebido pela Comissão Europeia em março, que apontava para apoios de 400 mil euros por empresa, empréstimos ou garantias estatais, auxílios nos custos de energia até 30% por empresa, e auxílios até 50 milhões de euros em caso de prejuízos devido aos custos energéticos, elencam as empresas vidreiras. Medidas que foram alvo de revisão em julho, “onde, entre medidas adicionais introduzidas, se ajusta o apoio de 400 mil para 500 mil euros por empresa jurídica”.

"Mesmo depois do reforço de medidas da Comissão Europeia em julho, nem agora o Governo português ativa o previsto pela UE desde início, apesar de afirmar que se trata do limite legal fixado pela Comissão Europeia”, queixa-se a associação.

“A AIVE, que representa um setor onde Portugal lidera como país europeu com maior produção de vidro de embalagem per capita, questiona assim a verdadeira dimensão deste apoio para a indústria. Num sector com o consumo de gás natural próximo da totalidade do consumo doméstico do País, onde o peso do custo do gás representa hoje um valor superior a 60% do seu custo industrial, esta nova medida apelidada de apoio extraordinário resultará apenas numa ajuda global de 8 milhões de euros”, garante a associação.

“Com um acréscimo real dos custos do gás natural superior a 500% face ao ano anterior, este auxílio representará na prática 1,5%”, calculam os industriais do vidro.

A BA Glass, Vidrala e Verallia produzem cerca de 6 mil milhões de embalagens por ano para a indústria alimentar e exportam mais de 50% das embalagens de vidro fabricadas em Portugal para empresas produtoras de alimentos e bebidas.

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