Economia

Luis de Guindos, vice-presidente do BCE: “Não temos estimativas sobre nível final das taxas”

18 setembro 2022 21:07

João Silvestre

João Silvestre

Editor de Economia

thomas lohnes/getty images

Na semana seguinte à maior subida de taxas de sempre, o responsável do Banco Central Europeu explica a decisão: é importante evitar que se repita o cenário da estagflação nos anos 70 mesmo que, no curto prazo, isso possa ter algum custo para empresas e famílias.

18 setembro 2022 21:07

João Silvestre

João Silvestre

Editor de Economia

Luis de Guindos falou com o Expresso menos de 24 horas depois de ser anunciada a maior subida de juros de sempre no Banco Central Europeu (BCE): 0,75 pontos percentuais, que se somaram ao meio ponto de julho. Há mais duas reuniões até final do ano — em outubro e dezembro —, onde, acreditam os analistas, haverá novas subidas. A inflação da zona euro está acima de 9% e o BCE não tem muitas alternativas. O vice-presidente não se compromete com metas para a taxa diretora e insiste que a prioridade é evitar os efeitos de segunda ordem que ajudem a tornar a inflação permanente. Ou seja, evitar que se repita o cenário dos anos 70.

Na semana passada, após um aumento de 0,75 pontos percentuais das taxas diretoras, Christine Lagarde disse que “ainda estamos muito longe da taxa que nos ajudará a trazer a inflação de volta a 2%”. Quer isso dizer que podemos ter uma nova subida de 75 pontos-base na reunião de outubro, como os mercados parecem já estar a antecipar?

É muito difícil compreender as nossas decisões sem olhar para as projeções, que acabaram de ser atualizadas e contêm diferentes cenários: um cenário de base e um cenário pessimista. A inflação está muito alta — o último valor é de 9,1% para a área do euro — e as nossas projeções indicam que continuará elevada durante o resto do ano. Acabará por descer, mas ainda se manterá acima do nosso objetivo de 2% a médio prazo. Em 2024, projeta-se que a inflação seja, em média, de 2,3% na zona euro. A inflação é o principal fator em que temos de nos centrar, tal como fizemos quando decidimos aumentar as taxas em 75 pontos-base. A incerteza é muito elevada. Teremos em consideração os dados e seguiremos uma abordagem, reu­nião a reunião, na definição das taxas de juro. Não nos comprometeremos antecipadamente. Queremos ter flexibilidade e margem de manobra na tomada de decisões.