Economia

Cheque do PRR em risco? Aumento de capital do Banco de Fomento ainda está no Tribunal de Contas

A presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen com o Primeiro Ministro António Costa
A presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen com o Primeiro Ministro António Costa
Horácio Villalobos/Getty Images

Este era um dos marcos que Portugal devia cumprir para pedir mais 109 milhões de euros de empréstimos à ‘bazuca' europeia agora em setembro. IAPMEI espera resposta nos próximos dias

A Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI) ainda não efetuou o aumento de capital social do Banco Português de Fomento no montante de 250 milhões de euros, disse esta quarta-feira o presidente do IAPMEI, Francisco Sá, aos deputados da subcomissão parlamentar para o acompanhamento dos fundos europeus e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).


Esta transferência de capital de €250 milhões do Governo português para o Banco Português de Fomento é um dos marcos necessários no PRR para Portugal aceder a mais um cheque da ‘bazuca’ europeia, mais concretamente ao cheque de 109 milhões de euros de empréstimos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência.

Além do aumento do capital do Banco Português de Fomento, está também por realizar a dotação do Fundo de Capitalização e Resiliência em 1300 milhões de euros, o instrumento previsto no PRR para investir em empresas portuguesas viáveis.

“O ponto de situação é que qualquer uma das medidas está num processo de avaliação prévia por parte do Tribunal de Contas”, disse o presidente do IAPMEI aos deputados.

“A nossa expetativa é que a resposta do Tribunal de Contas possa acontecer no final destes dias e, a partir daí, fazer a dotação quer do fundo, quer do aumento de capital, que será feito integralmente através do IAPMEI”, acrescentou o presidente deste organismo do Ministério da Economia.


Este marco do PRR estava inicialmente previsto para o primeiro trimestre de 2022, segundo cronograma acordado com a Comissão Europeia.

Na primavera, já o Expresso noticiava que este aumento de capital do Banco Português de Fomento estava no Tribunal de Contas.

No final de maio, o Tribunal de Contas confirmou ao Expresso que “o processo foi devolvido em finais de março a solicitar esclarecimentos”. E lembrou que “o Tribunal dispõe de 30 dias uteis para se pronunciar, sendo que o prazo é interrompido quando o processo é devolvido”.

Na semana passada, o Expresso avançou que a Estrutura de Missão Recuperar Portugal já está a recolher as provas quanto ao cumprimento dos 20 marcos e metas previstos no PRR para o primeiro semestre de 2022.

O objetivo é pedir, ainda este mês de setembro, um novo cheque à Comissão Europeia na ordem dos 1820 milhões de euros. Mas esse cheque é dividido em duas parcelas de 109 milhões de euros de empréstimos mais 1711 milhões de euros de subvenções.

O Expresso também já questionou o Governo sobre a hipótese de vir a submeter novo pedido de pagamento sem cumprir todos os marcos e metas.

“O Governo tem vindo a garantir a concretização de todos os marcos e metas com os quais se comprometeu, nos prazos estabelecidos para a verificação do seu cumprimento”, respondeu fonte do gabinete da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, na semana passada.

Mas o Governo confirma que o pedido é repartido em dois. “Para este pedido, os 20 marcos e metas previstos são repartidos em dois grupos: o primeiro composto por 18 marcos e metas respeitantes à parcela de subvenções e os restantes dois marcos dizem respeito à parcela de empréstimos”.


Fonte da Comissão Europeia também já explicou o que sucede se alguma das metas ficar por cumprir. “Se a Comissão Europeia concluir que nem todos os marcos e metas associados a uma prestação foram cumpridos de forma satisfatória, poderá fazer um pagamento parcial”, sublinhou o porta-voz ao Expresso.

Nesse caso, o pagamento restante da tranche — sejam subvenções ou empréstimos — fica suspenso. Se tal acontecer, Portugal poderá continuar a implementar o PRR e tem seis meses para concluir os objetivos em atraso. Caso contrário, “o montante global da subvenção e, se aplicável, do empréstimo, seria proporcionalmente reduzido”, acrescentou fonte da Comissão Europeia.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: economia@expresso.impresa.pt

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