Economia

Autoridades chinesas querem que bancos detalhem a sua exposição à Fosun

Guo Guangchang, co-fundador da Fosun.
Guo Guangchang, co-fundador da Fosun.
Luís Barra
As autoridades de supervisão chinesas disseram aos bancos que operam no país para verificarem a exposição ao grupo Fosun, que em Portugal detém a Fidelidade e 29,95% do capital do BCP. Ao Expresso ambos descartam impactos decorrentes deste alerta

A Fosun, que detém a seguradora Fidelidade (e através desta 5,3% da REN) e quase 30% do BCP, passou a estar sob um olhar mais atento dos supervisores na China. As autoridades chinesas instruíram os maiores bancos e empresas do país para que verificassem a sua exposição financeira ao grupo Fosun, um dos maiores conglomerados chineses, segundo noticiou a Bloomberg esta terça-feira.

No entanto, a Fosun - cujos negócios abrangem desde o Club Med à casa de moda francesa Lanvin e o distribuidor exclusivo da vacina Covid da BioNTech SE na China - diz não ter recebido até ao momento “nenhum aviso das autoridades sobre os pedidos”, segundo indicou um representante do grupo em comunicado.

Fosun e BCP descartam implicações

Em Portugal, fonte da Fidelidade afirma ao Expresso que “esta noticia não tem impacto na seguradora, logo também na Luz Saúde”, que é detida pela seguradora.

Já fonte do BCP, onde a Fosun tem 29,95%, diz ao Expresso que “o mercado está a penalizar a cotação, dada a incerteza que cria”, não perspetivando que a notícia vinda da China tenha implicações estruturais no banco português.

Segundo a Bloomberg, uma consulta ao regulador de Pequim dá nota de que estes avisos das autoridades já envolveram outras empresas, e são uma prática normal. A mesma fonte acrescentou que as operações do grupo permanecem saudáveis ​​e resilientes aos desafios.

Na noticia pode ainda ler-se que estes avisos dos reguladores quanto à exposição da dívida da Fosun podem não levar a nenhuma ação, mas revelam as preocupações recentes entre os investidores sobre a liquidez da Fosun.

O grupo, cofundado por Guo Guangchang em 1992, já esteve entre os mais prolíficos compradores estrangeiros do país, mas viu as suas ações e títulos em dólares caírem nos últimos meses.

Após visitas a mais de 20 países, Guo disse, também segundo a Bloomberg, numa publicação nas redes sociais, que muitas das unidades no exterior da Fosun estão agora melhor do que antes da pandemia.

As entidades da Fosun divulgaram planos no início de setembro para reduzir as suas participações nas unidades de turismo e farmacêuticas do grupo que estão cotadas em bolsa.

Há cerca de um mês a Moody's baixou o rating da Fosun International alertando para o facto de o grupo não ter capacidade para gerar receitas suficientes e que o grupo precisava de vender ativos.

Os títulos em dólares garantidos pela empresa estão entre as notas de alto rendimento com pior desempenho da China nos últimos três meses, de acordo com um índice da Bloomberg.

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