O peso da tributação sobre o trabalho e as empresas e a dificuldade de fazer crescer empresas em Portugal e a fuga de jovens qualificados foram temas em debate num dos painéis na quinta edição do chamado Summer CEmp, promovido pela Representação da Comissão Europeia (CE) em Portugal, e em 2022 na quinta edição.
Se a preocupação com a dificuldade em fazer crescer as empresas e a elevada carga fiscal foi um dos temas em cima da mesa num dos muitos debates realizados no Summer CEmp 2022, outro foi o da transição digital e as alterações climáticas, com o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) a dizer que as empresas têm dado o seu contributo, dando como exemplo a redução do consumo de energia sempre que é solicitado, e as propostas que já foram feitas ao governo paraa a construção de centrais de dessalinização da água do mar. E há três projetos de centrais preparados para avançar, admitiu.
Sublinhando a urgência de agir na descarbonização da economia e na sustentabilidade do ambiente, Bernardo Ivo Cruz, secretário de Estado da Internacionalização, e um dos oradores da escola de verão, a decorrer na Ribeira Grande, em São Miguel, salienta que o governo está a fazer trabalho de pesquisa para encontrar soluções de poupança e recuperação de água, um bem cada vez mais escasso e fundamental, nomeadamente para a agricultura, que absorve quase 80% da água consumida em Portugal.
O governante avançou que a Secretaria de Estado da Internacionalização, juntamente com a do Ambiente, tem visitado projetos de dessalinização e recuperação da água, para estudar as melhores práticas que têm sido seguidas, sendo os casos da Austrália e de Israel os mais relevantes.
"Em Israel a mesma gota de água é usada quatro vezes", exemplificou. O objetivo é realizar projetos semelhantes em Portugal, e eventualmente até fazer parcerias, admitiu em declarações ao Expresso.
Os elevados impostos e a dificuldade em investir em Portugal motivaram várias perguntas na audiência, composta por 40 jovens convidados para a escola de verão, onde o tema transversal à generalidade das conversas e debates é o projeto europeu. Bernardo Ivo Cruz admitiu que há muito trabalho a fazer, e que o executivo está empenhado em "simplificar e reduzir a burocracia", mas o governante absteve-se de fazer comentários sobre a taxação das empresas e do trabalho.
"Do lado do Estado estamos a simplificar os procedimentos que não possam ser eliminados. Estamos a investir no e-government. A trabalhar para que os processos sejam rápidos, e para acabar com tudo o que seja duplicação. Queremos simplificar e tornar o mais barato possível a relação com a administração central", frisou.
Dando razão à audiência, António Saraiva afirmou que "Portugal é um país onde é fácil criar uma empresa na hora, mas a partir daí é tudo dificil...". O presidente da CIP já tinha colocado a reforma fiscal como uma das prioridades do país, e uma das três reformas que defende para Portugal, e que inclui também a reforma administrativa e a reforma da justiça.
"Se há luta que temos travado, orçamento a orçamento, é a descida de impostos, até agora sem sucesso", afirmou o presidente da CIP. Admitiu, no entanto, que a Confederação propôs, e acredita que poderá avançar, a eliminação da derrama estadual, em sede de IRC. "Seria um estímulo aos empresários", sublinhou.
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