É o número mais baixo desde janeiro de 2003, altura em que se inicia a atual série estatística do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Julho fechou com 277.466 desempregados inscritos nos serviços públicos de emprego nacionais, prosseguindo a tendência de descida dos últimos meses, destaca a síntese estatística mensal do IEFP, conhecida esta terça-feira.
O novo recuo do desemprego registado no sétimo mês do ano - medido pelo número de inscritos nos centros de emprego do IEFP - corresponde a uma variação homóloga (face ao mesmo mês do ano passado) de -24,7%(-91.238 inscritos) e de -1,8% em cadeia, ou seja, menos 4987 desempregados do que os registados em junho deste ano.
"Para a diminuição do desemprego registado, face ao mês homólogo de 2021, na variação absoluta, contribuíram, com destaque, os grupos dos indivíduos que procuram novo emprego (-85.565), os que possuem idade igual ou superior a 25 anos (-79.167) e as mulheres (-52.168)", sinaliza a nota que acompanha a síntese estatística do IEFP.
A desagregação dos dados por regiões mostra que no mês de julho, o desemprego registado no país registou uma variação homóloga negativa em todas as regiões. O número de inscritos diminuiu transversalmente em todo o território nacional, com destaque para o Algarve (-52,7% do que no mesmo mês de 2021) e da região autónoma da Madeira (-44,6%). A análise em comparação com o mês anterior aponta no mesmo sentido, com a maior redução a acontecer no Algarve (-13,3%).
Quem são os desempregados inscritos?
Considerando os grupos profissionais dos desempregados registados, o IEFP destaca como os mais representativos os “trabalhadores não qualificados“ (26,5%); “trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção, segurança e vendedores” (19,9%); "pessoal administrativo" (11,6%) e os "especialistas das atividades intelectuais e científicas" (11%).
Na comparação homóloga - excluindo os grupos com pouca representatividade, ou significado, no desemprego registado -, "todos os grupos apresentaram diminuições nas variações homólogas, destacando-se os "trabalhadores de serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores" (-31%), os "operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem" (-26,3%) e o "pessoal administrativo" (-24,7%)", explica o IEFP.
Já no que respeita à atividade económica de origem do desemprego, dos 236.089 desempregados que, no final do mês em análise, estavam inscritos como candidatos a novo emprego, nos serviços de emprego do Continente, 72,8% tinham trabalhado em atividades do sector dos “serviços”, com destaque para as “atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio” (que representam 31,5% do total); 19,9% eram provenientes do sector “secundário”, com particular relevo para a “construção”(6,5%); ao sector “agrícola” pertenciam 4,6% dos desempregados. "O desemprego diminuiu, face ao mês homólogo de 2021, em todos os grandes setores: no "agrícola" (-13,7%), no "secundário"(-24,4%) e no "terciário"(-25,4%)", nota o IEFP.
Mais de 21 mil ofertas ficaram por preencher
Segundo o IEFP, no sétimo mês do ano o stock de ofertas por preencher em território nacional totalizou 21.420. O número corresponde a uma diminuição anual de 7,8% (-1816 ofertas) e de -1,5% (-317 ofertas) do que as que ficaram por preencher em junho. Durante o mês de julho, os serviços públicos de emprego receberam 10.752 novas ofertas em todo o país, número inferior ao do mês homólogo de 2021 (-998; -8,5%) e face ao mês anterior(-1073; -9,1%).
"As atividades económicas com maior expressão nas ofertas de emprego recebidas ao longo deste mês (dados do Continente), por ordem decrescente, foram as seguintes: as "atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio" (17,8%), o "comércio por grosso e a retalho" (12,9%) e o "alojamento, restauração e similares" (10,5%)", destaca o IEFP, que aponta para um total de 6633 desempregados colocados em novos empregos durante o mês de julho.
Mais, a nota destaca que "a análise das colocações por grupos de profissões (dados do Continente) mostra uma maior concentração nos “trabalhadores não qualificados” (26,7%), nos "trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores" (20,6%) e no "pessoal administrativo" (12,8%). Ao longo do mês de julho, inscreveram-se nos centros de emprego nacionais 36.781 desempregados, menos 823 (-2,2%) do que no mês homólogo. Contudo, a comparação com o mês de junho de 2022 aponta para um aumento de 4276 novos inscritos (+13,2%).
Numa nota enviada esta terça-feira às redações o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) destaca que também o desemprego jovem registado foi "o mais baixo de que há registo", 26.670 jovens (pessoas com menos de 25 anos) inscritos. O número corresponde a uma diminuição em cadeia de -4% (1100 jovens), uma diminuição homóloga de -31,2% (12.071) e uma diminuição de -6,4% (menos 1819 jovens) em comparação com julho de 2019.
Num comentário aos indicadores divulgados esta terça-feira, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, vinca que "este histórico número baixo de pessoas desempregadas no IEFP, acompanhado do número recorde de trabalhadores ativos a descontar para a Segurança Social, reflete a eficácia e a capacidade coletiva da mobilização de recursos públicos dirigidos para apoiar o emprego. É fundamental continuar o caminho da valorização dos trabalhadores através da promoção do Trabalho Digno".
Notícia atualizada às 10h40
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