Economia

Desemprego registado recua em julho para valor mais baixo das últimas duas décadas

Desemprego registado recua em julho para valor mais baixo das últimas duas décadas
Tiago Miranda

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego nacionais recuou 1,8% em julho face ao mês anterior e 24,7% face ao mesmo mês do ano passado. Centros de emprego contabilizaram 277 mil inscritos, indicam os dados do IEFP

Desemprego registado recua em julho para valor mais baixo das últimas duas décadas

Cátia Mateus

Jornalista

É o número mais baixo desde janeiro de 2003, altura em que se inicia a atual série estatística do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Julho fechou com 277.466 desempregados inscritos nos serviços públicos de emprego nacionais, prosseguindo a tendência de descida dos últimos meses, destaca a síntese estatística mensal do IEFP, conhecida esta terça-feira.

O novo recuo do desemprego registado no sétimo mês do ano - medido pelo número de inscritos nos centros de emprego do IEFP - corresponde a uma variação homóloga (face ao mesmo mês do ano passado) de -24,7%(-91.238 inscritos) e de -1,8% em cadeia, ou seja, menos 4987 desempregados do que os registados em junho deste ano.

"Para a diminuição do desemprego registado, face ao mês homólogo de 2021, na variação absoluta, contribuíram, com destaque, os grupos dos indivíduos que procuram novo emprego (-85.565), os que possuem idade igual ou superior a 25 anos (-79.167) e as mulheres (-52.168)", sinaliza a nota que acompanha a síntese estatística do IEFP.

A desagregação dos dados por regiões mostra que no mês de julho, o desemprego registado no país registou uma variação homóloga negativa em todas as regiões. O número de inscritos diminuiu transversalmente em todo o território nacional, com destaque para o Algarve (-52,7% do que no mesmo mês de 2021) e da região autónoma da Madeira (-44,6%). A análise em comparação com o mês anterior aponta no mesmo sentido, com a maior redução a acontecer no Algarve (-13,3%).

Quem são os desempregados inscritos?

Considerando os grupos profissionais dos desempregados registados, o IEFP destaca como os mais representativos os “trabalhadores não qualificados“ (26,5%); “trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção, segurança e vendedores” (19,9%); "pessoal administrativo" (11,6%) e os "especialistas das atividades intelectuais e científicas" (11%).

Na comparação homóloga - excluindo os grupos com pouca representatividade, ou significado, no desemprego registado -, "todos os grupos apresentaram diminuições nas variações homólogas, destacando-se os "trabalhadores de serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores" (-31%), os "operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem" (-26,3%) e o "pessoal administrativo" (-24,7%)", explica o IEFP.

Já no que respeita à atividade económica de origem do desemprego, dos 236.089 desempregados que, no final do mês em análise, estavam inscritos como candidatos a novo emprego, nos serviços de emprego do Continente, 72,8% tinham trabalhado em atividades do sector dos “serviços”, com destaque para as “atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio” (que representam 31,5% do total); 19,9% eram provenientes do sector “secundário”, com particular relevo para a “construção”(6,5%); ao sector “agrícola” pertenciam 4,6% dos desempregados. "O desemprego diminuiu, face ao mês homólogo de 2021, em todos os grandes setores: no "agrícola" (-13,7%), no "secundário"(-24,4%) e no "terciário"(-25,4%)", nota o IEFP.

Mais de 21 mil ofertas ficaram por preencher

Segundo o IEFP, no sétimo mês do ano o stock de ofertas por preencher em território nacional totalizou 21.420. O número corresponde a uma diminuição anual de 7,8% (-1816 ofertas) e de -1,5% (-317 ofertas) do que as que ficaram por preencher em junho. Durante o mês de julho, os serviços públicos de emprego receberam 10.752 novas ofertas em todo o país, número inferior ao do mês homólogo de 2021 (-998; -8,5%) e face ao mês anterior(-1073; -9,1%).

"As atividades económicas com maior expressão nas ofertas de emprego recebidas ao longo deste mês (dados do Continente), por ordem decrescente, foram as seguintes: as "atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio" (17,8%), o "comércio por grosso e a retalho" (12,9%) e o "alojamento, restauração e similares" (10,5%)", destaca o IEFP, que aponta para um total de 6633 desempregados colocados em novos empregos durante o mês de julho.

Mais, a nota destaca que "a análise das colocações por grupos de profissões (dados do Continente) mostra uma maior concentração nos “trabalhadores não qualificados” (26,7%), nos "trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores" (20,6%) e no "pessoal administrativo" (12,8%). Ao longo do mês de julho, inscreveram-se nos centros de emprego nacionais 36.781 desempregados, menos 823 (-2,2%) do que no mês homólogo. Contudo, a comparação com o mês de junho de 2022 aponta para um aumento de 4276 novos inscritos (+13,2%).

Numa nota enviada esta terça-feira às redações o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) destaca que também o desemprego jovem registado foi "o mais baixo de que há registo", 26.670 jovens (pessoas com menos de 25 anos) inscritos. O número corresponde a uma diminuição em cadeia de -4% (1100 jovens), uma diminuição homóloga de -31,2% (12.071) e uma diminuição de -6,4% (menos 1819 jovens) em comparação com julho de 2019.

Num comentário aos indicadores divulgados esta terça-feira, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, vinca que "este histórico número baixo de pessoas desempregadas no IEFP, acompanhado do número recorde de trabalhadores ativos a descontar para a Segurança Social, reflete a eficácia e a capacidade coletiva da mobilização de recursos públicos dirigidos para apoiar o emprego. É fundamental continuar o caminho da valorização dos trabalhadores através da promoção do Trabalho Digno".

Notícia atualizada às 10h40

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