Apesar da força do turismo, economia portuguesa abranda em agosto
Crescimento da atividade económica tem vindo a perder força em agosto. Está perto dos 4%, quando no final de julho chegou aos dois dígitos, sinaliza indicador do Banco de Portugal
Crescimento da atividade económica tem vindo a perder força em agosto. Está perto dos 4%, quando no final de julho chegou aos dois dígitos, sinaliza indicador do Banco de Portugal
Jornalista
O Verão está a superar as expetativas do sector do turismo em Portugal, podendo ser ultrapassado o patamar de 2019, ano de recordes. Mas o crescimento da economia portuguesa está a perder força em agosto face ao mesmo período do ano passado.
É isso que sinaliza o indicador diário de atividade económica (DEI), calculado pelo Banco de Portugal (BdP). Os dados foram atualizados esta quinta-feira e, segundo uma nota publicada pelo BdP na sua página na internet, “na segunda semana de agosto, o indicador diário de atividade económica (DEI) aponta para uma taxa de variação homóloga da atividade inferior à observada na semana anterior".
Nessa semana – que abrange o período entre 8 de agosto e 14 de agosto –, a média móvel semanal do DEI indica um crescimento homólogo da atividade económica de 3,7%.
Isto depois de na semana anterior – que abrange o período entre 1 de agosto e 7 de agosto – ter registado uma expansão de 7,4%. Na última semana de julho o DEI sinalizava um crescimento da atividade económica em Portugal de 11%.
Recorde-se que com a entrada de julho, e o início da época mais forte do turismo em Portugal, este indicador compósito, que procura traçar, quase em tempo real, um retrato da evolução da atividade económica no país, acelerou, sinalizando um crescimento mais expressivo em relação ao mesmo período do ano passado.
Contudo, num contexto marcado pela elevada inflação, impulsionada pelos preços da energia, e pela subida das taxas de juro, tem vindo a perder força em agosto.
O BdP calcula também a taxa trienal do DEI, que traduz o crescimento acumulado num período de três anos, ou seja, entre 2019 - antes da crise pandémica - e 2022. Ora, este indicador está em terreno positivo desde meados de fevereiro, com exceção de um curto período entre o final de maio e o início de junho, sinalizando que a atividade económica em Portugal está acima do patamar pré-crise.
Foi isso que aconteceu também na semana terminada a 14 de agosto. Esta taxa situou-se em 3,3%, sinalizando, assim, que a atividade económica em Portugal ficou acima do registado na mesma semana de 2019, antes da pandemia de covid-19.
Contudo, esta taxa trienal abrandou face aos 5% registados na semana anterior.
O DEI é um indicador compósito, calculado pelo BdP, que reúne dados de alta frequência e procura traçar um retrato, quase em tempo real, da evolução da atividade económica em Portugal. Assim, cobre diversas dimensões, sumariando a informação das seguintes variáveis diárias: tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, consumo de eletricidade e de gás natural, carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes. Os dados são habitualmente atualizados à quinta-feira pelo BdP, podendo os valores passados ser revistos pelo banco central.
Apesar de o DEI sinalizar uma aceleração da atividade económica em Portugal ao longo do mês de julho, a informação dos indicadores coincidentes relativa a esse mês, publicada também esta quinta-feira pelo Banco de Portugal, aponta em sentido contrário.
"Em julho, os indicadores coincidentes para a atividade económica e para o consumo privado apresentaram uma taxa inferior à do mês anterior", escreve o banco central numa nota publicada na sua página na internet.
O indicador coincidente para a atividade económica, que procura captar a tendência de evolução do Produto Interno Bruto (PIB), regista um crescimento de 6,4% em julho em termos homólogos. Este valor compara com 6,7% em junho, 6,9% em maio, e 7,1% em abril e março.
Quanto ao indicador coincidente para o consumo privado, que procura captar a tendência de evolução deste agregado macroeconómico, cresceu 3,4% em julho em termos homólogos. Este número significa um abrandamento face aos 4,3% de junho, 5,1% de maio, 5,9% de abril, e 6,4% de março.
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